Nos últimos anos, o grupo tornou-se mais segmentado, jovem, feminino, diplomado, pós-graduado, precário e autônomo (FÍGARO, 2013;GROHMANN, 2012;SILVA, 2012;BERGAMO;LIMA; MICK, 2012). No Brasil, o processo de feminização da profissão de jornalista ocorreu de forma articulada com os processos de precarização das relações e das condições de trabalho, banalização, autonomização e profissionalização. As transformações que estão em curso nessa carreira têm tomado diversas direções. Por um lado, vem ocorrendo, nos últimos anos, um aumento dos informais na profissão, com a participação expressiva dos freelancers e uma maior concentração de profissionais nas empresas de "fora da mídia", como as assessorias de imprensa. Por outro lado, o ingresso das mulheres no jornalismo também foi acompanhado de uma maior profissionalização e autonomização das profissionais.O artigo está organizado em quatro itens, além desta introdução. O primeiro item apresenta as transformações que estão em curso no jornalismo e destaca as principais diferenças entre homens e mulheres na profissão no que se refere à proporção de diplomados, às áreas de atuação e às desigualdades persistentes. O segundo item introduz algumas discussões teórico-metodológicas da pesquisa, buscando ir além das diferenças de gênero, examinando também as diferenças dentro do grupo das mulheres. O terceiro item analisa alguns discursos de mulheres jornalistas de diferentes gerações, que atuam em diversos tipos As conquistas femininas na profissão podem ser observadas por meio dos dados acerca da participação das mulheres em todas as atividades do jornalismo, bem como sua presença majoritária entre os diplomados. A proporção de diplomados varia entre os gêneros e conforme a função e os meios de comunicação em que os profissionais estão inseridos.Há diferenças dentro de cada segmento nessa profissão. Dentro do grupo das mulheres jornalistas, existem diferenças quanto à remuneração, dependendo das funções que exercem, e quanto à proporção de mulheres com diploma, por função. Por exemplo, de acordo com a RAIS, entre as editoras que trabalham com carteira de trabalho assinada em São Paulo, mais de 86% têm diploma de graduação, enquanto, para as fotógrafas profissionais, esse índice não chega a 25% (BRASIL, 2013). A absoluta maioria das mulheres (75,84%) se concentra na categoria de "Profissionais do Jornalismo", na qual, entre outras funções, está presente a de assessor de imprensa.2 Nessa categoria, as mulheres diplomadas correspondem a mais de 68% do total das jornalistas brasileiras, enquanto essa proporção no caso dos homens é de 58,17% (BRASIL, 2013). As diferenças salariais entre os gêneros variam conforme o setor de atuação dos profissionais. Em todas as funções da categoria "Profissionais do Jornalismo", que é justamente onde a grande maioria das mulheres (78,2%) se concentra, as mulheres ganham, em média, menos do que os homens. Por outro lado, podemos destacar que existe uma variedade de situações nessa profissão. As mulheres também se inserem em posições hierárquicas...