RESUMO -O etanol tradicional deixa para trás resíduos de bagaço e palha de cana-de-açúcar ricos em açúcares fermentáveis. Esses carboidratos podem, contudo, ser amplamente utilizados numa nova fermentação microbiana (etanol de segunda geração ou 2G). A Saccharomyces cerevisiae, levedura responsável pela produção do etanol de primeira geração, é muito bem adaptada às condições industriais de fermentação alcoólica, porém ela é incapaz de fermentar xilose e celobiose, razão essa que limita a produção de etanol de segunda geração. Levando em conta que a biomassa lignocelulósica do bagaço e da palha de gramíneas é decomposta com o auxílio de diferentes fungos filamentosos e leveduras que, ao contrário da S. cerevisiae, são capazes de utilizar esses carboidratos citados, o presente trabalho se propôs a analisar os perfis de crescimento celular de cinco linhagens de Meyerozyma caribbica isoladas de bagaço de milho em decomposição. Todas as linhagens analisadas foram capazes de metabolizar glicose, xilose e celobiose. A glicose foi o açúcar mais rapidamente assimilado pelas células, e os meios com celobiose foram os que proporcionaram maior crescimento celular. Diante dos resultados obtidos, é possível inferir que as leveduras aqui analisadas apresentam potencial para contribuir com a otimização da produção de etanol de segunda geração.
INTRODUÇÃOO bagaço da cana-de-açúcar é um resíduo proveniente da produção de etanol de primeira geração, obtido a partir da fermentação do caldo dessa gramínea. Esse resíduo representa 150 milhões de toneladas anuais no país; de modo geral a maior parte do bagaço é utilizada para gerar calor e/ou energia elétrica na própria indústria (Stambuk et al., 2008; Silva et al., 2014).Com o cenário atual de uma crescente demanda de combustíveis no Brasil, nos próximos anos aumentará ainda mais a quantidade desse tipo resíduo. De outro modo, o bagaço e a palha representam uma biomassa lignocelulósica rica em açúcares fermentáveis que podem ser utilizados para a produção do etanol de segunda geração, que é uma alternativa viável no aumento da produção de etanol, sem a necessidade de haver uma maior área plantada dessa gramínea (Zanin et al., 2000;Stambuk et al., 2008;Soccol et al., 2010).