RESUMO -A dor é um sintoma universal em Medicina; e na Dermatovenereologia é transversal ao seu domínio médico e cirúrgi-co. No domínio cirúrgico da especialidade temos a dor aguda peri-operatória, provavelmente mais frequente do que o esperado e cujo tratamento insuficiente implica morbilidade aguda e até potencialmente a longo prazo, dado o risco de cronificação. A dor crónica está associada a várias doenças cutâneas e é muitas vezes causa major de sofrimento para os doentes, dada a sua abordagem ser complexa, desafiante e por vezes infrutífera, agravada pela pouca evidência sobre como tratar apropriadamente o doente dermatológico com dor crónica. Este artigo é a segunda e última parte de uma revisão cujo objetivo é discutir os princípios gerais do tratamento da dor aguda peri--operatória e crónica no contexto da especialidade. Neste segundo capítulo será abordada a dor relacionada com procedimentos terapêuticos específicos. Por último, será discutida a dor crónica associada a entidades dermatológicas com quadros álgicos significativos.
PALAVRAS-CHAVE -
INTRODUÇÃOA dor é considerada o quinto sinal vital e o seu controlo é um indicador de qualidade dos serviços de saúde. Na primeira parte desta revisão, foi demonstrada a repercussão que a dor não controlada pode ter nas múltiplas esferas do domínio socioeconómico e familiar: sofrimento para os doentes e cuidadores, absentismo profissional, isolamento social e consumo significativo dos recursos de saúde. Observámos também que na Dermatologia e Venereologia, enquanto especialidade médico-cirúrgica, a dor não controlada é um sintoma frequentemente presente, quer por consequência de procedimentos cirúrgicos, quer devido a entidades clínicas com quadros fisiopatológicos complexos (como a úlcera de perna), e ao qual está associada uma perda major de qualidade de vida.Torna-se assim evidente a importância do tratamento eficaz da dor no doente dermatológico. Contudo, o controlo da dor, principalmente da dor crónica, continua a ser um desafio, havendo necessidade de delinear estratégias eficazes. A segunda parte deste artigo tem como objetivo colmatar esta necessidade, ao abordar o tratamento da dor aguda em procedimentos dermatológicos específicos e o tratamento da dor crónica associada a algumas entidades clínicas de gestão difícil.