RESUMO Objetivo: compreender as repercussões relacionadas à desospitalização da pessoa em cuidados paliativos durante o processo morrer e morte. Método: estudo qualitativo sob a luz dos referenciais do Interacionismo Simbólico e Teoria Fundamentada nos Dados, na vertente construtivista. Os dados foram coletados em uma cidade do Sul do Brasil, entre abril e dezembro de 2021, mediante entrevistas em profundidade com 11 profissionais de saúde e 12 integrantes de seis unidades familiares (pacientes e cuidadores). O processo analítico envolveu comparação constante, codificação inicial e focalizada. Resultados: Da análise comparativa dos dados emergiram três conceitos: “Reconhecendo os percalços da terminalidade no ambiente domiciliar”; “Fortalecendo as estratégias de cuidados paliativos no ambiente domiciliar” e “Percebendo fatores fundamentais em cuidados paliativos para estabelecer um ambiente domiciliar seguro”, os quais, relacionados entre si, dão sustentação à teoria substantiva: “Aplicabilidade dos cuidados paliativos na prática ― a reorganização do ambiente domiciliar para vivenciar o processo de morrer e morte”, a qual define, simbolicamente, as experiências do cuidado domiciliar nas situações de fim de vida. Conclusão: O processo de desospitalização em cuidados paliativos fundamenta uma fase primordial dos cuidados no final da vida, em que o doente, o cuidador e o profissional de saúde são unidades intervenientes na construção de um ambiente domiciliar seguro. Percebe-se que o equilíbrio nessa tríade é crucial para o cuidado centrado no conforto e na qualidade de vida. Contudo, essa realidade ainda não é experienciada por uma gama de pessoas,o que se reflete em cuidados insuficientes, inadequados e, consequentemente, em necessidades não atendidas.