Pandemia da covid-19, saúde mental, apoio social e sentido de vida em professores

Abstract

A pandemia causada pelo novo coronavírus descortinou uma realidade incomplacente para alguns segmentos profissionais, como a docência que foi demandada a continuidade da educação por meio do ensino remoto. Ascendeu, então, o questionamento se, de fato, os professores teriam condições de acesso aos recursos e habilidade para o uso, treinamento e ambiente propício para o home office. Igualmente, levantou a indagação sobre a implicação na saúde mental do docente, e quais os recursos psicossociais ao adoecimento estariam sendo utilizadas. Assim, o estudo objetivou investigar a percepção dos educadores sobre as implicações da pandemia na saúde mental atrelado ao trabalho, o sentido de vida e apoio social. Realizou-se uma pesquisa de levantamento, com 23 professores, que responderam a um questionário sociodemográfico e entrevista semiestruturada, contendo 21 perguntas. A análise textual foi realizada pelo IRaMuTeQ por meio da Classificação Hierárquica Descendente. Os resultados organizaram-se em cinco classes que retratam fatores relacionados ao ensino, saúde mental e recursos psicossociais do professor vivenciado nesse período. Conclui-se que a pandemia e as formas do trabalho remoto trouxe implicações na saúde mental do docente, ocasionando adoecimento psíquico, o apoio social e sentido de vida manifestaram-se como recursos psicossociais de enfrentamento ao adoecimento.
 

Violência doméstica em professores da rede pública estadual durante a pandemia da COVID-19

“…Os professores das escolas públicas foram drasticamente afetados por iniciativas de ensino remoto. O aumento no número de atividades acadêmicas realizadas e a ausência de limites entre trabalho doméstico e trabalho acadêmico são as expressões de maior intensificação do trabalho docente 13 . Adicionalmente, o aumento exponencial da convivência familiar e as múltiplas jornadas de trabalho geraram possibilidades de tensionar as relações interpessoais e intensificar o estresse familiar, fatores que podem desencadear os eventos de agressões físicas e psicológicas 14 .…”

Ações desenvolvidas na liga de sexualidade da Universidade Federal do Triângulo Mineiro em 2021

“…Com efeito, essa foi uma dificuldade recorrente para todos; foi perceptível o cansaço psicológico e físico de discentes e docentes. Não por acaso, alguns estudos apontam que a pandemia e as atividades remotas influenciaram na saúde mental de professores e alunos, contribuindo para seu adoecimento psíquico: ansiedade, depressão, distúrbio do sono e estresse, por exemplo (Maia;Dias, 2020;Santos;Caldas;Silva, 2022).…”

Processos colaborativos em comunidades de aprendizagem e investigação

“…Todos de alguma forma mencionam a preocupação com a saúde mental em tempos de distanciamento e obrigatório ensino remoto, seja no enfoque tecnológico ou comportamental, com evidências contundentes do esgotamento físico e psicológico do ser e estar docente. Destacamos três trabalhos em especial para ilustrar tais afirmações: Ansiedade, afeto negativo e estresse de docentes em atividade remota durante a pandemia da COVID-19 (Troitinho et al, 2021); Pandemia da covid-19, saúde mental, apoio social e sentido de vida em professores (Santos et al, 2022); e A dor nos tempos da Covid-19: Transtorno de adaptação nos professores do ensino superior brasileiro. (Nascimento et al, 2022) O primeiro artigo evidenciou a descaracterização da identidade docente como principal consequência do trabalho pedagógico remoto emergencial, em que os professores, principalmente as professoras, conflitavam com suas responsabilidades domésticas exacerbando o estresse e, portanto, precarizando o trabalho docente.…”

“…(Troitinho et al, 2021) Já no segundo artigo selecionado, ascendeu-se o questionamento sobre as reais condições de recursos e habilidades docentes para o trabalho remoto, uma vez afetando diretamente sua saúde mental; o apoio social destacou-se como principal meio de enfrentamento ao adoecimento. (Santos et al, 2022) E por fim, o terceiro artigo, relativo a uma investigação que acompanhou 129 professores durante um ano do período pandêmico, verificou como fatores que contribuíram para um certo ajustamento dos professores à vulnerabilidade psicossocial inerentes de uma situação pandêmica o maior tempo de docência, a percepção positiva sobre o próprio estado de saúde física e a não utilização de substâncias como: álcool, cigarro, medicamentos e outras. (Nascimento et al, 2022) O aspecto social de uma comunidade de aprendizagem (Stoll et al, 2006) evidencia-se como o indício fulcral para a sobrevivência da escola, para a sua metamorfose.…”