Resumo: Introdução: Programas de mentoria vêm sendo reconhecidos por seus benefícios e estão sendo implementados em muitas escolas médicas. No entanto, poucos estudos têm enfocado a compreensão da relação de mentoria em si. Como a relação de mentoria se desenvolve, em tempo real, no cotidiano de uma escola médica? Objetivo: Neste estudo, buscamos observar as interações entre uma mentora e seu grupo de alunos de diferentes anos em seu ambiente natural. Método: Utilizando uma metodologia qualitativa etnográfica, um grupo de mentoria foi acompanhado por meio de observação participante durante um ano. Ao final do período de observação, realizou-se um grupo focal para validar as notas de campo. A análise temática de conteúdo orientou nossa organização e interpretação dos dados. Resultado: Não é simples para um grupo de mentoria, composto por alunos de diferentes anos de graduação, reunir-se regularmente e com tempo suficiente para a atividade. Nesse contexto, o mentor é sempre desafiado a estabelecer conexões entre diferentes temas e experiências para dar sentido à experiência do grupo como um todo. Por sua vez, a diversidade do grupo permite discussões estimulantes e ricas sobre o curso, a vida pessoal dos participantes e o futuro profissional. Os alunos veteranos têm um papel fundamental na dinâmica do grupo ao compartilharem suas vivências e motivarem os alunos iniciantes a seguir em frente. Conclusão: Manter um grupo de mentoria em uma escola médica é uma tarefa complexa e desafiadora. Mentores precisam ser motivados, ter certas características pessoais e receber apoio para essa função. Grupos heterogêneos com alunos de diferentes anos potencializam o desenvolvimento e o suporte entre os integrantes, aliviando as angústias da formação médica. No entanto, a estrutura e a dinâmica do curso de Medicina dificultam muitas vezes o envolvimento dos alunos, impedindo o acesso deles aos efeitos positivos da mentoria.