O presente artigo tem por objetivo apresentar e discutir as diferentes vozes que retratam as medidas adotadas para o controle e tratamento da COVID-19, no decorrer de março a meados de maio de 2020. Para a discussão, buscam-se interlocuções com a Alfabetização Científico-Tecnológica (ACT), que carrega em si a promoção de uma formação crítica e participativa. O estudo se caracteriza como qualitativo, do tipo descritivo. Como fonte de dados, foram selecionadas e transcritas entrevistas, coletivas e pronunciamentos proferidos por representantes dos governos municipal, estadual e federal, além de ocupantes de diferentes cargos do Ministério da Saúde. Adiante, submeteu-se à Análise Textual Discursiva. Os resultados indicam que as dissonâncias entre os discursos governamentais inauguraram uma avalanche de (des)informação, que acabou por conduzir parte da população a seguir posturas inadequadas. Em algumas instâncias, houve uma consciência coletiva, sobressaindo as recomendações da ciência em detrimento de “achismos”. Além disso, resplandeceram indícios de que a economia é o fator preponderante e que na corrida pela cura da doença, o governo federal tem minimizado os estudos clínicos que revelam riscos do uso da (hidroxi)cloroquina. Por fim, evidencia-se que a ACT, enquanto processo, torna-se uma estratégia plausível para o enfrentamento de olhares e atitudes que se encontram com o negacionismo e a anticiência, movidos mais por ideologias e crenças, do que pela análise crítica e complexa da realidade existente.