As alterações fisiológicas, principalmente as imunológicas, tornam o idoso mais vulnerável a infecções, como a tuberculose, doença que, nesse grupo, apresenta especificidade tanto em sua apresentação clínica quanto no seu manejo terapêutico. O objetivo consistiu em avaliar os aspectos epidemiológicos, clínicos e evolutivos da tuberculose em idosos em um Hospital Universitário de Belém, Pará, Brasil. Trata-se de um estudo do tipo coorte retrospectivo, realizado no Hospital Universitário João de Barros Barreto, onde foram analisados 82 prontuários de casos de tuberculose em idosos diagnosticados no período de 2009 a 2013. Como forma complementar de obtenção de informações, foi consultado o banco de dados do Sistema Nacional de Agravos de Notificação da Secretaria de Estado de Saúde Pública. Para a análise estatística, utilizou-se o programa eletrônico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 22.0, e aplicou-se o Teste G, admitindo-se nível α = 0,05 (5%) e valor de P ≤ 0,05. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Núcleo de Medicina Tropical sob Parecer n. 1.081.347. A maioria dos idosos era do sexo masculino (n = 53; 64,6%), com faixa etária de 60-69 anos, tanto entre os homens (n = 34; 64,2%) quanto entre as mulheres (n = 13; 44,8%), sendo essa diferença estatisticamente significativa (p = 0,009), casos novos de tuberculose (n = 78; 95,1%), apresentando forma clínica pulmonar (n=62; 75,6%), agravos associados (n = 57; 69,5%) e tempo de internação superior a 21 dias (n = 38; 46,3%). Febre (n = 55; 67,1%), dispneia (n = 53; 64,6%), emagrecimento (n = 50; 61,0%), tosse produtiva (n = 49; 59,8%) e dor torácica (n = 42; 51,2%) foram os principais sinais e sintomas evidenciados. Em relação ao tratamento, houve elevado percentual de reações adversas (n = 41; 50%), destacando-se as manifestações gastrointestinais (n = 29; 70,7%). A maioria dos idosos evoluiu com cura (n = 49; 59,8%), contudo ressalta-se que o óbito por tuberculose foi considerável no grupo estudado (n = 13; 15,9%), ocorrendo principalmente no período de internação até 7 dias. Na relação das variáveis de exposição com o desfecho, verifica-se que a cura ocorreu mais frequentemente nos idosos da faixa etária de 60-69 anos, enquanto que o óbito entre os que tinham 70-79 anos, havendo significância estatística nessa relação (p = 0,017). Pacientes que evoluíram a óbito por tuberculose apresentaram menor tempo de internação (≤ 7 dias; p = 0,000) e reação adversa (p = 0,018). Concluiu-se que a apresentação clínica e o manejo terapêutico da tuberculose no idoso são diferenciados, por isso faz-se necessário o fortalecimento de estratégias que propiciem a identificação precoce dos idosos suspeitos de tuberculose na comunidade, o que deve ocorrer principalmente por meio da Atenção Básica.
Palavras-chave: Idoso. Tuberculose. Diagnóstico. Quimioterapia combinada.