711Rev Bras Enferm, Brasília 2007 nov-dez; 60(6): 711-5.O percurso do "doente oncológico": a (re)conceptualização do acto informativo RESUMO A adaptação do doente às condições de cronicidade configura a informação prestada ao doente como uma das estratégias mais poderosas, susceptível de contribuir para a mudança da representação social do doente, de mero caso clínico à condição de ser holístico. O objectivo deste estudo foi investigar a produção científica em periódicos indexados nas bases de dados Medline, Lilacs, sobre o acto informativo e as modalidades de que se reveste a informação prestada ao doente oncológico, no período de 1990-2006. A análise da literatura, permite constatar um incremento nas publicações, sublinhando o papel do doente oncológico enquanto potenciador da emergência de estratégias de ajustamento psicossocial revelando o seu protagonismo no estatuto de "doente profissional". Descritores: Processo saúde-doença; Revelação; Consentimento esclarecido.
ABSTRACT
The adaptation of the patient to the conditions of chronic illness makes the information given to the patient one of the most powerful strategies, capable of contributing to a change in the social representation of the patient, from that of a mere clinical case to that of a holistic being. The objective of this study was to investigate the scientific work published in periodicals indexed by the Medline and Lilacs databases between 1990 and 2006 as to the informative act and the different forms in which information
INTRODUÇÃOO médico, quando se engrandece de ciência, adquire uma utensilagem de saber que deverá utilizar na sua prática perante o doente. Porém a austeridade, a exactidão e a objectividade científicas deverão saber flexibilizar as suas fronteiras quando confrontadas com a pessoa doente. Só assim se permitirá à ciência médica a necessária agitação adaptativa quando se exerce em cada doente, contextualizado na sua realidade psicossocial, sem jamais se arriscar o carácter personalizado do diálogo terapêutico (1) . Todavia, a prática médica tem vindo a negligenciar o aspecto relacional, em explícito contraste com a intimidade que dantes emergia singelamente da permuta indulgente e afectiva entre médico e doente. Apela-se ao reequilíbrio entre as esferas técnico-científica e assistencial, recuperando a dimensão humanista (1) . O propósito essencial da medicina é o de restaurar a autonomia/independência à pessoa doente (2) . Conquanto, para que tal se torne possível no contexto da medicina actual, o doente terá que ser escutado