Objetivo: Avaliar a custo-utilidade e o impacto orçamentário (IO) da abiraterona para o tratamento de câncer de próstata resistente à castração, em pacientes previamente tratados com docetaxel. Métodos: Foi construído um modelo de Markov com ciclos mensais sob a perspectiva do Sistema Único de Saúde (SUS), em um horizonte temporal de cinco anos e taxa de desconto de 5%. A estimativa de efetividade foi oriunda do principal ensaio clínico dessa condição de saúde. Para dados de utilidade, aplicaram-se estimativas internacionais, enquanto para custos se utilizaram tabelas de remuneração do SUS. Para o IO, a população-alvo foi estimada com base em dados do Departamento de Informática do SUS (DATASUS). Resultados: A abiraterona ocasionou ganho de 1,045 ano de vida ajustado para qualidade (QALY) e 1,609 ano de vida ganho (AVG), enquanto para o placebo esses valores foram de 0,763 e 1,299, respectivamente. O custo total na estratégia abiraterona foi de R$ 83.295 e para o placebo, de R$ 2.895. A relação de custo-efetividade incremental (RCEI) foi de R$ 284.416 por QALY ganho. Em nenhuma das análises de sensibilidade os valores ficaram abaixo de R$ 100.000 por QALY. Mesmo quando variados simultaneamente seis parâmetros, todos no seu limite mais favorável à abiraterona, os resultados seguiram elevados, com RCEI de R$ 98.330 por QALY. O IO foi de R$ 270 milhões em cinco anos no cenário mais conservador (tempo médio de tratamento de 7,4 meses e 10% de novos casos/ano). Conclusão: A abiraterona se mostrou pouco custo-efetiva nesta situação clínica, com RCEI superior a nove vezes o PIB per capita por QALY, sendo os resultados robustos em análise de sensibilidade.