Resumo Baseado em duas situações de vazamento ocorridas em 2018, o artigo apresenta a violência lenta do petróleo na Baía de Todos os Santos. Com ele, pretendo contribuir para as abordagens antropológicas sobre percepções e impactos ambientais na longa duração a partir de três dimensões de análise. Na primeira, mostro as formas de produção da violência lenta do petróleo, vinculadas aos mecanismos de negação de sua realidade por parte da Petrobras e do poder público. Na segunda, descrevo de que modo as comunidades pesqueiras e quilombolas da região a ela se opõem, articulando seus direitos na esfera judicial e no debate público através da intersecção das agendas ambiental, racial, de gênero e climática. E, por fim, revelo as formas de inscrição da violência lenta do petróleo nos ambientes costeiros da Baía de Todos os Santos, estimulando um olhar sobre a produção de paisagens e habitabilidades na longa duração.