Perceção do Impacto do Teletrabalho na Carreira: Validação da Escala do Impacto do Teletrabalho na Carreira para a População Portuguesa

Abstract

A atividade profissional exercida com recurso a tecnologias de informação e comunicação fora do espaço físico da organização empregadora pode designar-se por teletrabalho. Com a pandemia Covid-19, o teletrabalho assumiu uma relevância sem precedentes com impacto substancial para o futuro. Assim, é essencial o desenvolvimento de escalas de avaliação que permitam compreender melhor esta modalidade de trabalho. Neste estudo, a estrutura fatorial, fidelidade e validade da Escala do Impacto do Teletrabalho na Carreira (EITC) foram testadas com recurso a 533 e confirmadas com 532 trabalhadores portugueses em teletrabalho numa empresa portuguesa multinacional. Os resultados sugeriram boas características psicométricas e uma estrutura de dois fatores: Bem-Estar Laboral e Bem-Estar Psicológico. Além disso, os participantes consideraram que o teletrabalho tem pouco impacto na conexão com colegas, empregador e na probabilidade de promoção de carreira, mas pode promover a satisfação e desempenho laboral, bem como diminuir o conflito família-trabalho. As implicações para o uso da escala são discutidas.

Teletrabalho, qualidade de vida dos trabalhadores e o desempenho econômico e financeiro das organizações

“…Segundo Conte (2003) e Faustino et al (2023), a correlação entre qualidade de vida e saúde tem fundamentado a reflexão de pesquisadores, cientistas e pensadores. Saúde e qualidade de vida são temas interligados na vida humana, abrangendo a vida no trabalho, uma vez que é no trabalho que as pessoas ficam grande parte do dia bem como boa parte das horas produtivas da vida.…”

“…Dos trabalhadores, 91,8% responderam que a empresa concede pagamento de horas extras ou crédito no banco de horas para as horas laborais acima do determinado pela legislação. Quanto à ajuda de custo, que é a forma de a empresa colaborar no aumento das despesas do lar (Barros;Silva, 2010;Kobal;Agner;Oliveira, 2009;Filardi;Castro;Zanini, 2020;Faustino et al, 2023), 92,9% mencionam receber o beneficio e 100% destacam que a empresa disponibilizou algum tipo de recurso para o adequado trabalho remoto, sendo os mais comuns os recursos de TI (computador, notebook, microfone e cadeira ergonômica), os quais foram disponibilizados a título de empréstimos. Estes achados são semelhantes aos resultados encontrados por Kobal, Agner e Oliveira (2009) e Filardi, Castro e Zanini (2020), descrevendo que a modalidade de trabalho home office pode acarretar aumento da jornada de trababalho, e a necessidade de recursos compatíveis para a execução das atividades é primordial.…”

“…Filardi, Castro e Zanini (2020) garam as vantagens e desvantagens do teletrabalho na administração pública, abordando aspectos estruturais, físicos, pessoais, profissionais e psicológicos. Ainda, Faustino et al (2023) analisaram os impactos do teletrabalho no bem-estar psicológico dos trabalhadores.…”

“…É importante citar, também, os ODSs 3 (Saúde e Bem-estar), 5 (Igualdade de Gêneros) e 12 (Consumo e Produção Sustentáveis), demonstrando, assim, a consonância do tema em estudo com questões fundamentais para a sociedade e a economia. Ainda, Faustino et al (2023) afirmam que a flexibilidade de horário traz o benefício de menor rotatividade de pessoal. Em síntese, a modalidade remota de trabalho proporciona mais agilidade e competitividade às empresas, permitindo transpor barreiras geográficas e fuso horário.…”