As desigualdades culturais prejudiciais às mulheres podem potencializar o risco à HIV para este grupo. O objetivo deste estudo foi traçar o perfil epidemiológico e metabólico de mulheres com HIV. Trata-se de um recorte transversal de estudo de coorte em mulheres vivendo com HIV/AIDS, em terapia antirretroviral (TARV) e que utilizavam o Serviço de Assistência Especializada de Ponta Grossa – PR entre 2003 e 2018. A análise foi descritiva e a associação entre esquema terapêutico e alterações metabólicas foi avaliada com risco relativo (RR) e teste de qui-quadrado. Foram analisados os prontuários de 451 mulheres, 80,5% brancas, 44,4% casadas, 88,2% contraíram HIV por transmissão sexual e 83,1% heterossexuais. Houve associação significativa como fator de risco entre uso de Inibidores da Protease (IP) e alterações no colesterol HDL (RR = 1,70, IC95% 1,32-2,20 e p<0,01) e triglicérides (RR = 1,29, IC 95% 1,01-165 e p= 0,04). Como fator protetor, houve associação significativa entre o uso de Inibidores da Transcriptase Reversa Não Nucleosídeos (ITRNN) e alterações no colesterol HDL (RR = 0,66, IC 95% 0,53-0,82 e p<0,001). O estudo mostrou associação entre o uso de TARV e alterações metabólicas nas mulheres, em especial os IP e ITRNN associado a colesterol HDL e triglicerídeos, sugerindo a necessidade de outras opções terapêuticas para pacientes de maior risco cardiovascular.