Persistência da hanseníase em redes de convívio domiciliar: sobreposição de casos e vulnerabilidade em regiões endêmicas no Brasil

Abstract

O estudo tem como objetivo analisar a magnitude da ocorrência e os perfis sociodemográfico, econômico e clínico de casos de hanseníase vinculados à redes de convívio domiciliar (RCD) com sobreposição da doença em municípios dos estados da Bahia, do Piauí e de Rondônia, Brasil, no período de 2001 a 2014. Trata-se de estudo transversal, com dados primários e secundários de casos novos de hanseníase, notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e residentes nos municípios. Foram realizadas a aplicação de instrumento padronizado aos casos novos e a revisão de dados em prontuários e na base do SINAN. De um total de 1.032 (29,6%) casos de hanseníase abordados, 538 (52,1%) tinham mais de um caso em sua RCD. Maior frequência de pessoas do sexo feminino (292; 54,3%), com idade entre 41 a 60 anos (240; 44,6%), ensino fundamental (272; 50,6%), renda menor que um salário mínimo (265; 49,3%) e residindo com cinco pessoas ou mais (265; 49,3%). A ocorrência de sobreposição de casos na RCD foi associada, na análise multivariada, a residir em municípios do Estado de Rondônia (RP = 1,23; IC95%: 1,07-1,43; p = 0,003), assim como morar com três a quatro pessoas no mesmo domicílio (RP = 1,66; IC95%: 1,11-2,49; p = 0,014) e ter reação hansênica (RP = 1,31; IC95%: 0,99-1,70; p = 0,050). A repetição de casos de hanseníase em uma mesma RCD representa um evento frequente nos cenários abordados. Sua ocorrência deve ser considerada como indicador sentinela de maior gravidade epidemiológica para a vigilância na rede de atenção básica à saúde. Ressalta-se o caráter de vulnerabilidade das famílias acometidas.

O domicílio como importante fator de transmissão da hanseníase

“…With regard to family income, minimum wages were found that four (7.7%) received up to one and 28 (53.8%) received one to three salaries. It was also found in a previous study that 60.15% of communicants earned less than one minimum wage 19 . Due to the low social condition, it leads to inequalities in food, housing, education, and work conditions, among others, which directly reflect the population's quality of life and health standards.…”

“…Another investigation showed that contact coverage went from 43% in 2003 to 59% in 2010, and that BCG-id vaccination has 60% effective protection against leprosy 7 ; As well as new authors pointed out that, out of 133 household contacts evaluated, only 19.55% had two BCG-id vaccine scars and 67.67% had only one scar. There was a higher proportion of neurodermatological evaluation among those with two scars, and among non-evaluated contacts, those with no scars predominated (p value <0.0001) 19 .…”

“…It was demonstrated in another study from Para 8 , 46.7% of the communicators had elementary school and 43.3% had high school. It was found, in a study on leprosy patients and their family network, which covered states of the North and Northeast of Brazil, that elementary school (272; 50.6%) predominated among the research subjects 19 and in a study conducted in Paraíba, from 2008 to 2012, with leprosy patients, 9.35% were illiterate and 49.13% had incomplete elementary school 20 . In another study from Paraíba, from 2001 to 2011, it was revealed that leprosy cases diagnosed by means of contact examination showed that 4.42% were illiterate and 67.31% had elementary school 21 .…”

Hanseníase: uma doença reemergente na saúde pública brasileira

“…Os contatos sociais, definidos como qualquer pessoa que conviva ou tenha convivido em relações familiares ou não de forma próxima ou prolongada com indivíduo não tratado, devem ser acompanhados, avaliados por profissionais habilitados e ser o público de ações de educação em saúde, somando-se a imunoprofilaxia. Esse acompanhamento perdura, no mínimo, por cinco anos -tempo médio de incubação do bacilo (Boigny et al 2019). Carvalho et al (2019) Enfrentamento A enfermidade negligenciada tem sua expressão diretamente relacionada a populações que vivem diferentes contextos de vulnerabilidade, embora possam existir financiamentos públicos específicos para indução das pesquisas, o conhecimento produzido não tem se revertido, proporcionalmente, em avanços terapêuticos, o que é justificado, em parte, pelo baixo interesse das indústrias farmacêuticas ao público alvo Silva e Barsaglini 2018).…”

Sobreposição de casos novos de hanseníase em redes de convívio domiciliar em dois municípios do Norte e Nordeste do Brasil, 2001-2014

“…O acesso a diagnóstico e tratamento oportunos reduz o sofrimento da pessoa acometida e de sua Rede de Convívio Domiciliar (RCD), e favorece a interrupção da transmissão, principalmente em áreas de maior endemicidade e vulnerabilidade 11 . Dessa forma, a cobertura e a qualidade das ações de vigilância e controle de contatos intra e extradomiciliares (contatos sociais) têm sido estratégias importantes para a redução da carga da doença 12 .…”