Os kimberlitos são rochas ígneas, potássicas e ultrabásicas derivadas de magmas ricos em voláteis que, durante sua rápida ascensão, incorporam e assimilam materiais de diferentes origens, incluindo o diamante. Um dos desafios, principalmente em lâminas delgadas, é a separação de minerais de origem crustal, mantélica e genuína do próprio magma kimberlítico. A formação de estruturas específicas decorrentes desta subida e colocação na litosfera contribui para a complexidade do seu estudo, juntamente à suscetibilidade à alteração. A fase de descrição petrográfica realizada de forma sistemática é crucial para as etapas posteriores de investigações geoquímicas e, consequentemente, para estudos de preservação e distribuição de diamantes. Existe uma expressiva lacuna na classificação das rochas kimberlíticas da Província Ígnea do Alto Paranaíba (PIAP), que embora tenham sido estudadas ao longo dos anos com enfoque na geoquímica e descrições de xenólitos mantélicos, carecem de estudos pormenorizados da mineralogia e categorização sistemática dos clastos sob a ótica das classificações atuais. As abordagens aplicadas até o momento são as mesmas para a maior parte das rochas ígneas, e esses parâmetros são insuficientes para a descrição de componentes tão incomuns que ocorrem apenas nas rochas kimberlíticas. Através da descrição petrográfica de kimberlitos da PIAP utilizando uma abordagem recente e sistemática, juntamente com registros fotográficos dos principais componentes presentes, será possível estabelecer uma relação entre essas rochas e as zonas as quais pertencem. A criação deste indispensável elo irá contribuir no entendimento dos aspectos petrológicos da região mantélica local e nas futuras interpretações genéticas dessas ocorrências, permitindo reconstruir a história de colocação desses corpos na crosta e futuros modelos geológicos válidos para a estimativa de recursos.