A discussão mundial e adoção de práticas relacionadas à sustentabilidade, culminaram no reaproveitamento de resíduos provenientes da agroindústria em concordância com os 3R's empregados no país. Segundo dados atuais do IBGE, o Brasil em 2020, produziu 690 mil toneladas de maracujá amarelo (M) - (Passiflora edullis f. flavicarpa), sendo o maior produtor mundial. Contudo cerca de 70% deste percentual é de casca e semente, que se descartados de forma inadequada pode causar impactos ao meio ambiente. A casca deste fruto, é composta por celulose, hemicelulose, lignina e pectina, que se conectam por meio de pontes de cálcio intermoleculares, sendo capazes de estabelecer interações com espécies externas à sua estrutura, tornando-a promissora para o reaproveitamento. Neste sentido, este estudo visou reaproveitar as conchas da Lambreta(L) - Lucina pectinata como fonte de carbonato de cálcio empregando-a no enriquecimento da casca do maracujá amarelo fazendo uso da técnica squeeze-flow. As investigações foram realizadas a partir da variação da proporcionalidade entre as duas biomassas, gerando novos materiais que foram denominados ML11, ML12, ML13, LM12 e LM13. Os efeitos da mistura das biomassas, foram evidenciados através das técnicas de caracterização: FTIR, TG/DTG, DSC e MEV. Os eventos de degradação térmica das amostras foram avaliados através dos parâmetros cinéticos e termodinâmicos pelo método de Kissinger. Os resultados obtidos constataram um aumento na estabilidade térmica dos constituintes das fibras do maracujá amarelo pelo enriquecimento com carbonato de cálcio oriundo da Lucina pectinata nas amostras ML11, ML12. Pode-se notar que a baixa energia de ativação nas amostras LM12 e ML13 conduz à diminuição da estabilidade térmica desses materiais indicando uma condição ideal na proporcionalidade entre as duas biomassas envolvidas, favorecendo a aplicação desses materiais em processos termoquímicos. Por meio das observações realizadas nos experimentos de FTIR foi possível observar a supressão da banda relacionada ao estiramento -CO (1605 cm-1) indicando a eficiência da técnica squeeze-flow na estrutura do maracujá corroborando com as micrografias obtidas.