Este artigo investiga o papel dos hábitos de uso da mídia na adesão de brasileiras e brasileiros às três principais medidas não farmacológicas apoiadas por organizações globais de saúde contra a COVID-19: uso de máscaras faciais, distanciamento social e lavagem frequente das mãos. Após a eclosão de uma pandemia, quando as vacinas ainda não estão disponíveis, a adoção desses comportamentos pode ser a única medida eficaz contra as ameaças de uma nova doença. Com base na teoria social cognitiva, investigamos os determinantes comportamentais da adesão às INFs no Brasil, um país de renda média com grandes desigualdades, tanto econômicas quanto no acesso à informação. O Brasil também foi um dos países mais atingidos pela pandemia da COVID-19, liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que demonstrou pouco respeito pelo uso de máscaras faciais e provocou grandes aglomerações em atos políticos. Nossos achados, baseados em uma pesquisa online aplicada a uma amostra de 2.771 indivíduos, mostram que determinantes relacionados à mídia, como conhecimento sobre a COVID-19, uso de mídias sociais e tradicionais, e crença numa teoria da conspiração sobre a origem do coronavírus desempenham um papel importante na explicação da adesão às medidas preventivas, deixando um papel secundário para outros determinantes como preferências políticas, características sociodemográficas e fatores ambientais.