O artigo analisa a presença da bicicleta nas discussões geográficas, contextualizando-a em relação à predominância da cultura do automóvel nas cidades. Desde sua introdução no Brasil, a bicicleta foi associada à classe trabalhadora, contrastando com a ascensão da cultura automobilística. Esta última promove a ideia de que ter um carro é essencial para a integração social e urbana, moldando o desenvolvimento das cidades ao longo do século XX. A pesquisa, baseada na análise do Banco de Dissertações e Teses da CAPES, identificou um interesse crescente na bicicleta na geografia acadêmica, porém, confrontado com a infraestrutura viária voltada para o automóvel. A hegemonia do transporte motorizado cria obstáculos para a incorporação da bicicleta como possibilidade de deslocamento, evidenciando a necessidade de repensar políticas e práticas de planejamento urbano. Também é necessário considerar a bicicleta como um elemento que vai além da mobilidade urbana, compreendida a partir do uso do território e do cotidiano daqueles que a utilizam em seus deslocamentos diários.