“Por trás da máscara da loucura”: cenários e desafios da assistência à pessoa com esquizofrenia no âmbito da Atenção Básica

Abstract

ResumoObjetivo: Analisar os cenários e desafios enfrentados pelos profissionais de saúde na assistência às pessoas com esquizofrenia na Atenção Básica. Método: Pesquisa qualitativa, de caráter descritivo-exploratório, realizada junto a médicos e enfermeiros que atuam na Atenção Básica do município de Pau dos Ferros, Rio Grande do Norte. Utilizaram-se entrevistas semiestruturadas com dez profissionais; as falas foram analisadas em quatro categorias, através da Análise de Conteúdo. Resultado: constatou-se que a assistência prestada à pessoa com esquizofrenia não consegue identificar e atender às suas reais necessidades e que as propostas das políticas públicas de saúde mental se distanciam da realidade, pois as ações na atenção básica se limitam à orientação da medicação e ao encaminhamento para o serviço de referência, o que contraria o princípio da integralidade da assistência, sendo necessárias aos profissionais da atenção básica maior autonomia e participação nesse processo. Para tanto, se faz imprescindível o uso de um trabalho integrado entre os profissionais, a adoção de um modelo de contrarreferência e a diversificação dos instrumentos de intervenção em saúde. AbstractObjective: To analyze the scenarios and challenges faced by health professionals in the care of people with schizophrenia in Primary Care. Method: Qualitative research, descriptive and exploratory, performed with physicians and nurses who work in Primary Care in the city of Pau dos Ferros, Rio Grande do Norte. We used semi-structured interviews with ten professionals, the lines were analyzed in four categories, through Content Analysis. Result: was found that the assistance provided to the person with schizophrenia can not identify and meet their real needs and that the proposals of the public policies of mental health are distanced from the reality, since the actions in the basic attention are limited to the orientation of the medication and the referral service, which is contrary to the principle of integral care, and it is necessary for the primary care professionals to have greater autonomy and participation in this process. Therefore, it is essential to use integrated work among professionals, the adoption of a counter-reference model and the diversification of health intervention instruments.

Esquizofrenia Para Além Da Patologização: A Importância Do Reconhecimento Do Sujeito

“…Um ponto relevante trazido por Vanessa foi o excesso de medicação quando ficou na ala psiquiátrica da Santa Casa: "eu não lembro muito (da passagem na ala psiquiátrica) porque passei quase o tempo todo dopada, me davam injeção 'sossega leão' quase todos os dias" (Vanessa, 28 novembro, 2020). O estigma que existe também por parte dos profissionais pode influenciar na maneira como o tratamento é ofertado, a partir da crença de que o paciente é violento e imprevisível (Silva et al, 2019), o uso da medicação se mostra recorrente e inclusive excessivo por se compreender que é preciso controlar o sujeito.…”

O potencial do recovery na retomada e expansão do repertório ocupacional na esquizofrenia: um estudo de caso/The recovery's potential in the resumption and expansion of the occupational repertoire in schizophrenia: a case study

“…O Transtorno de Esquizofrenia é compreendido como uma doença grave e incapacitante, uma vez que apresenta consequências funcionais, profissionais, sociais e em outras áreas importantes da vida cotidiana do indivíduo (CID 10, 2019). Somado às questões clínicas características, o transtorno está ligado a um histórico de exclusão e negligência, tanto pelas políticas públicas de saúde quanto por abordagens e práticas marcadas pelo isolamento social, a fim de acatar ao sistema normatizador (Silva & Nascimento, 2019).…”

Atuação Do Enfermeiro Na Assistência a Pessoas Esquizofrênicas

“…Após a Reforma Psiquiátrica no Brasil a atenção a pessoas com transtornos mentais percorreu por transformações, havendo mudanças no modelo do cuidar, onde este era centralizado em hospitais psiquiátricos que afastava o paciente com transtorno do convívio com a família. Com o novo modelo foi dado lugar aos centros de atenção psicossocial, desenvolvendo uma terapêutica humanizada e sem aprisionamento, promovendo a reinserção social da pessoa a comunidade 2,3 .…”