O Colégio Pedro II sustentou ao longo de sua história o caráter modelar, que de certa forma se mantem até a atualidade. Seu acervo, composto pelos mais diversos documentos, muito tem a auxiliar para a compreensão da constituição dos mais diversos campos disciplinares, inclusive da Geografia. No caso da Geografia, devemos nos recordar da importância do Colégio Pedro II para a sua institucionalização, tanto no âmbito da escola básica quanto da academia (ROCHA, 2009, 2014; SILVA, 2012). Desde a sua fundação, o seu quadro docente era formado por ilustres professores, intelectuais reconhecidos pelo “notório saber” selecionados na comunidade letrada do Império e que possuíam diversas formações e atuações, “membros de uma elite intelectual que buscou sua formação inicialmente no exterior e mais tarde no Brasil” (SANTOS, 2009, p. 71). Logo, não podemos diminuir a importância destes intelectuais e seu papel crucial para a história do pensamento geográfico escolar e universitário brasileiro. Estudos acerca destes professores, de suas trajetórias, e, principalmente, de sua produção didática, podem elucidar importantes informações sobre a situação escolar, a formação docente e o ensino de Geografia ao longo de sua história. Ressaltamos a importância da produção, pois consideramos o livro didático um objeto de “múltiplas facetas” (BITTENCOURT, 1993), sendo, sobretudo, um veículo de valores ideológicos e/ou culturais. Diante de tais fatores, analisaremos, neste artigo, algumas obras publicadas por autores que atuaram como professores do Colégio Pedro II durante o período que se estende do início da Primeira República ao fim do Estado Novo (1889-1945).