RESUMO Complicações neurológicas no período pós-operatório podem ser devastadoras para os pacientes e seus familiares. E, apesar da importância do sistema nervoso central, os anestesiologistas têm praticamente ignorado a sua função no período pré-operatório, já que todos os recursos são quase totalmente desviados para outros sistemas, principalmente o cardiovascular. Essa assertiva pretende realçar o fato de não existir um monitor padrão para o cérebro ou outras estruturas neurais durante a cirurgia e a anestesia, enquanto que monitores para os sistemas cardiovascular e respiratório têm sido utilizados rotineiramente por décadas. Em vista do aumento da longevidade da população, há maior número de pacientes idosos que estão sendo submetidos a procedimentos cirúrgicos, e eles representam o grupo de alto risco para o comprometimento cognitivo pós-operatório, em vista da existência aumentada de comorbidades. O impacto da anestesia nesses pacientes é pouco compreendido, mas o aparecimento do delirium pós-operatório é um problema sério, pois pode evoluir para deficiência cognitiva permanente e aumento da mortalidade. O objetivo desta revisão é familiarizar os anestesiologistas com a incidência, fatores de risco, diagnóstico, prevenção e tratamento do delirium pós-operatório, com a finalidade de chamar a atenção para a sua existência e englobar os mesmos em todas as áreas de cuidados, juntamente com psiquiatras, enfermagem e gestores hospitalares.