ResumoO Português Brasileiro (PB) apresenta três estruturas distintas para expressar negação sentencial: Neg1 -[Neg VP], para negação de evento; Neg2 -[Neg VP Neg], para negação de proposição e, finalmente, Neg3 -[VP Neg], para negação metalinguística. A distinção estrutural entre os diferentes tipos de negação semântica é bastante rara nas línguas naturais e não está presente em outras variedades do português, o que nos faz questionar sobre as origens desta distinção no PB. Enquanto alguns trabalhos sustentam a hipótese de contato, outros afirmam que a estrutura inovadora Neg2 já aparecia em textos do século XVI, portanto, anterior ao processo de contato linguístico durante o período colonial. Dentre as hipóteses que apontam uma possível mudança de interpretação de uma estrutura já presente na língua está o de Teixeira de Sousa (2012b) que supõe ter havido competição de gramáticas envolvendo Neg1 e Neg2, resultando na especialização funcional das estruturas. Como evidenciamos neste trabalho, no entanto, os primeiros dados registrados de Neg2, retirados de peças de teatro do século XIX, mostram que essa estrutura nunca foi usada nos mesmos contextos e com a mesma função de Neg1, o que indica que a origem da estrutura não pode ser atribuída a competição entre Neg1 e Neg2.
Palabras chaveTipos de negación, distinción estrutural, portugués brasileiro Sumario 1. Introdução. 2. A Negação Sentencial no Português Brasileiro. 3. Hipóteses sobre a origem de Neg2. 4. Sobre os corpora. 5. Uma proposta para a origem de Neg2. 6. Considerações Finais.
AbstractBrazilian Portuguese (BP) has three distinct structures to express sentential negation: Neg1 -[Neg VP] for negation over event; Neg2 -[Neg VP Neg] for negation over the proposition, and Neg3 -[VP Neg] for metalinguistic negation. The structural distinction between the different types of semantic negation (Neg1 and Neg2) is rare in natural languages and is not present in other varieties of Portuguese. This makes us wonder about the origin of this distinction in BP. While some studies support a contact hypothesis, others claim that the innovative structure Neg2 already appears in 16 th century texts, and therefore predates language contact in the colonial period. One hypothesis about the origin of the distinction posits a reinterpretation of a structure already present in the language. According to Teixeira de Sousa (2012b), Neg1 and Neg2 may have been in competition in the grammar, resulting in a functional specialization of the structures. I shall argue, however, that the earliest evidence for Neg2, from nineteenth century dramas, shows that Neg2 has never been used in the same contexts or with the same function as Neg1, hence the structure cannot have arisen owing to competition between Neg1 and Neg2.