SumárioO diabetes melito, especialmente quando descompensado, pode culminar em várias complicações neurológicas, sendo o desenvolvimento de movimentos involuntários uma das formas mais raras. O estado hiperglicêmico não cetótico em pacientes idosos, que se apresentam com movimentos tipo balismo-coreia associados a alterações nos exames de imagem cerebral (tomografia computadorizada e/ou ressonância magnética), constitui uma síndrome de caracterização recente e de poucos relatos na literatura. Apresentamos o caso de um paciente admitido com história de movimentos involuntários do tipo hemibalismo-hemicoreia à esquerda associado a estado hiperglicêmico com hemoglobina glicada de 14,4%. O exame tomográfico de crânio revelou área hiperdensa em topografia de gânglios da base à direita. Após controle glicêmico adequado, houve melhora progressiva e recuperação do quadro neurológico, com desaparecimento completo da lesão hiperdensa inicial. Arq Bras Endocrinol Metab. 2010;54(3):335-8
SummaryDiabetes mellitus, especially when not under control, can lead to several neurological complications being the development of involuntary movements one of the rarest presentations. Nonketotic hyperglycemia in aged patients who present with ballismus-chorea movements and cerebral image alterations in computerized tomography (CT) and magnetic resonance constitute a syndrome of recent characterization and few cases in literature. We present a case of a 75 year-old male patient admitted with history of hemiballismus-hemichorea movements, hyperglycemia, glycated hemoglobin of 14.4% and CT with a hyperdense area in the topography of the right basal ganglia. After glycemic control, the neurological signs resolved completely and the initial hyperdense lesion disappeared. Arq Bras Endocrinol Metab. 2010;54(3):335-8 B alismo e coreia são distúrbios do movimento hipercinético diferenciados pela amplitude e distribuição de grupos musculares, evidentes no repouso ou na ação, e que tendem a desaparecer durante o sono (1). Acometem mais frequentemente um lado do corpo, sendo assim denominados hemibalismo ou hemicoreia.Geralmente resultam de lesões estruturais no núcleo subtalâmico e estriado contralateral, podendo ser de várias etiologias, principalmente secundários a eventos vasculares (2). Na ausência de lesão vascular focal, alterações metabólicas, neoplasia cerebral e infecções do sistema nervoso central (SNC) devem ser consideradas (3).Existem raros relatos na literatura. Estima-se que a incidência de hemibalismo seja 1 caso para 500 mil na população geral (2).O estado hiperosmolar hiperglicêmico (EHH) representa uma das complicações mais graves do diabetes melito (DM), mais frequentemente observado em dia-