Profilaxia pós-exposição ao HIV em populações vulneráveis: estudo longitudinal retrospectivo em um ambulatório da rede pública do Rio Grande do Sul, 2015-2018

Abstract

Resumo Objetivo: Descrever o perfil de usuários que iniciaram a profilaxia pós-exposição ao HIV (PEP) em um serviço público, avaliando o uso dessa tecnologia pelas populações-chave recomendadas pelo Ministério da Saúde do Brasil. Métodos: Estudo longitudinal retrospectivo, com uso de dados secundários de usuários atendidos entre 2015 e 2018. Foram calculadas frequências absolutas e relativas e o teste do qui-quadrado de Pearson foi utilizado para comparar características comportamentais. Resultados: Dos 270 usuários, foram mais frequentes adultos jovens (45,4%), homens (74,7%), raça/cor da pele branca (76,3%), alta escolaridade (65,7%) e múltiplas parcerias sexuais (40,7%). Entre as populações-chave, observou-se maior frequência de usuários de álcool e/ou outras drogas (49,6%) e homens que fazem sexo com homens (38,1%), enquanto pessoas transgênero (2,2%) e profissionais do sexo (4,8%) fizeram menor uso da PEP. Conclusão: O uso de PEP não foi homogêneo entre os grupos vulneráveis avaliados, com baixa frequência de pessoas transgênero e profissionais do sexo.

Prevention and care strategies for people with HIV/AIDS in Primary Health Care

“…Na APS, a rápida implementação da PeP é crucial, pois o início do tratamento deve ocorrer idealmente nas primeiras 72 horas após a exposição. Tal abordagem abrange um papel vital na prevenção do HIV ao complementar outras estratégias, evidenciando o compromisso da APS na promoção da saúde e na redução da transmissão do vírus (Castoldi et al, 2021;Alves;Lago;Engstrom, 2022).…”

HIV infections in youth: prevalence and associated factors

“…Ressalta-se que, mundialmente, a população masculina ainda enfrenta vulnerabilidades programáticas, sociais e comportamentais, que podem incluir, entre os jovens, dificuldade de acesso aos serviços especializados e a insumos de proteção, violência estrutural, de gênero e homofobia, sentimento de onipotência e invulnerabilidade, dificuldades de tomar decisões, indefinição de identidade, necessidades de afirmação grupal, ausência de autocuidado e de segurança nas relações sexuais, consumo de bebida alcoólica e outras drogas. Em síntese, a vulnerabilidade presente nos jovens integra uma rede complexa de determinantes, que requer a indução de novas de tecnologias de intervenção e cuidado, coordenadas e ajustadas às necessidades específicas deste segmento etário (5,(8)(9)(10)(11)(12)(13) . Nesse ínterim, cabe destacar que a busca por respostas inovadoras e personalizadas que reduzam as lacunas nos serviços de HIV, onde os resultados são mais relevantes no sexo masculino, pode, consequentemente, maximizar também a proteção de mulheres jovens contra o HIV (1) .…”

“…A maioria dos jovens que vivem com HIV são membros de populações vulneráveis -homossexuais, homens que fazem sexo com homens (HSH), pessoas trans, profissionais do sexo e usuários de drogas injetáveis (1,(10)(11)(12)(13) . Tais especificidades colocam a condição do jovem como centro de debate e reflexão, e destacam o quão complexas e diversificadas se apresentam as demandas desta população.…”

“…Ainda, entende-se que variações contextuais (demográficas, políticas, culturais, econômicas, níveis de educação, localização geográfica) influenciam os processos interpessoais e os comportamentos individuais, e, às vezes, dificultam a adoção de práticas sexuais seguras que impedem a transmissão do HIV (10)(11)(12)(13) .…”

Manejo clínico em pacientes com diagnóstico de coinfecção Tuberculose/HIV

“…Uma das primeiras instruções é sobre o uso de preservativos durante relações sexuais, considerada uma das formas mais eficazes para evitar a contaminação. Além disso, conforme Castoldi et al (2021), há a Profilaxia Préexposição (PrEP), que consiste na administração programada de medicamentos antirretrovirais (ARVs) disponibilizados pelo SUS evitando exposições ao vírus; geralmente recomenda-se para populações de alto risco. A Profilaxia Pós-Exposição (PEP) concebe-se como uma medida emergencial, em até 72h após a exposição de risco de contágio com o vírus, no qual inicia-se o uso de ARVs combinados por 28 dias consecutivos, ininterruptos, como forma de minimizar a probabilidade de adquirir HIV.…”