A Paraíba conta com a segunda maior cobertura de Atenção Básica (AB) do país, todavia ainda enfrenta a tendência nacional da disparidade na concentração de médicos entre as macrorregiões de saúde. A ampliação no provimento destes profissionais ao longo dos anos, rendeu ao Estado um incremento quantitativo, entre 2012 e 2015, de 21%, dos quais 3% decorreram do Programa Mais Médicos (PMM). O objetivo deste artigo é avaliar a percepção dos médicos e gestores participantes do programa na XX, apontando potencialidades e fragilidades. Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, qualitativo, no qual foram entrevistados médicos e gestores de 13 municípios da XX. Realizaram-se entrevistas com roteiro semiestruturado, as quais foram gravadas, transcritas e analisadas através da análise de conteúdo, com a classificação sistemática dos relatos. Médicos e gestores concordaram quanto ao impacto positivo do programa no acesso ao serviço e na qualidade do cuidado da AB. Os gestores relataram diferenciais dos médicos participantes em relação aos não participantes do programa: maior comprometimento profissional, perfil mais voltado à AB e uma relação com a comunidade marcada pela proximidade e pelo vínculo. Os médicos destacaram como incentivos relevantes a maior autonomia, estabilidade contratual e boa remuneração. Ambos grupos se queixaram de problemas no deslocamento, alta demanda de atendimento e dificuldade na fixação de médico no interior. Os médicos cubanos foram descritos como profissionais de alta dedicação e humanização, porém, houve críticas quanto à linguagem e às condutas terapêuticas. As entrevistas analisadas permitem inferir que o Mais Médicos trouxe mudanças que ultrapassam a presença do médico na Unidade de Saúde da Família, pois levou a impactos na qualidade do cuidado, no vínculo com a comunidade, bem como na relação da equipe.