Proposição de um modelo analítico da tipografia com abordagem semiótica

Abstract

Este artigo apresenta a estruturao de um modelo analtico da tipografia resultado de pesquisa de mestrado fundamentada em slidas bases tericas concernentes ao design da informao, tipografia e semitica. Defende-se, aqui, o carter fundamentalmente visual do texto (iconicidade da tipografia), passvel de leitura antes mesmo do contedo verbal. Pretende-se, com este enfoque, atentar para a questo do desenvolvimento de um alfabetismo visual e para o fato de que a configurao (visual e grfica) da cultura material produzida tanto pela atuao do design como tambm pelas contribuies involuntrias de sujeitos no-experts. Acredita-se que tais produes tipogrficas tenham muito a dizer sobre o ambiente sciocultural do qual fazem parte, e que, por isso mesmo, possam fornecer informaes importantes pragmtica do design. Deste modo, prope-se, considerando-se aspectos tipogrficos e semiticos, um modelo de anlise tipogrfica, para ser utilizado em investigaes posteriores sobre a tipografia produzida por sujeitos no-experts. O modelo visa descrever semioticamente a tipografia, considerando seus atributos enquanto signo em si, enquanto signo que faz referncia a alguma outra coisa e enquanto signo inserido e atuante num determinado contexto. Esta abordagem objetiva apontar os possveis caminhos pelos quais se do as escolhas dos sujeitos por uma determinada tipografia (typeface) e por uma determinada estrutura tipogrfica. [ Download ]

Processo de desenvolvimento de tipografia display para uso pelo movimento LGBTQ+

“…Como parte da fundamentação prática do projeto antes do desenvolvimento da Tipografia Display, foram feitas análises tipográficas e semióticas de cartazes e tipografias relacionadas ao Movimento LGBTQ+, através de um modelo de análise tipográfico proposto por Brisolara (2009), para assim entender os signos e características utilizadas pelo movimento, também para a geração de insights e definições de atributos para o desenvolvimento do projeto. Para a análise, alguns conceitos de Stöckl (2005) foram utilizados, como o de Microtipografia (design de fontes e signos gráficos individuais: tamanho da tipografia, família tipográfica, cor, estilo do tipo), Mesotipografia (configuração dos signos em linhas e blocos de texto: espaçamento entre letras, palavras e linhas, alinhamento, posição/direção das linhas, recuos e parágrafos), Macrotipografia (estrutura gráfica de todo o documento: hierarquia, numeração, manchas gráficas, mistura de fontes/diferentes produções, agrupamento de texto, gráficos e imagens) e ainda Paratipografia (materiais, instrumentos e técnicas de reprodução tipográfica) (STÖCKL, 2005;BRISOLARA, 2009). Para os aspectos semióticos, as análises são feitas a partir da relação com a própria tipografia como signo.…”

“…Para os aspectos semióticos, as análises são feitas a partir da relação com a própria tipografia como signo. Para isso, pode-se assumir relações Icônicas (associação imagética, conteúdo do texto, abordagem estética), Indiciais (aparato tecnológico, expressões linguísticas, abordagem estética) e ainda Simbólicas (noção de autoridade, formalidade, convenções) (BRISOLARA, 2009). A autora ainda propõe que o modelo de análise é maleável e adaptável às diferentes situações, e funciona como um guia descritivo, para apontar as principais características em níveis semióticos intrínsecos das tipografias analisadas (BRISOLARA, 2009).…”

“…Segundo o modelo proposto por Brisolara (2009), e entendendo tipografia como signo que opera múltiplas funções, além de apenas a codificação da linguagem, alguns princípios foram adotados para as análises a partir da dimensão sígnica. Como por exemplo nas relações icônicas estão presente as associações imagéticas (quando determinada tipografia baseia-se na semelhança de outra coisa); no conteúdo do texto (quando uma estrutura é recorrente); na expressão estética (quando a tipografia é escolhida por suas características ou por questões de gosto pessoal).…”