Psicanálise e Dissidências de Gênero: Questões para Além da Diferença Sexual

Abstract

Este artigo busca, a partir de uma revisão da bibliografia mais recente no âmbito da psicanálise, discutir algumas questões relativas ao conceito de gênero e às dissidências de gênero em psicanálise, exercitando um pensamento crítico e situado e apontando algumas proposições. Inicialmente, realiza-se uma apresentação do debate sobre gênero e segue-se uma discussão crítica sobre a problemática da diferença sexual. Para tanto, utiliza-se a contribuição de diversas psicanalistas – como Arán, Pombo e Porchat – que, embora não desconsiderem a materialidade do corpo, problematizam a naturalização adquirida por essa noção em psicanálise. Autores como Judith Butler e Paul Preciado são resgatados, posteriormente, à medida que os psicanalistas citados também os mencionam e utilizam seus aportes, os quais servem como analisadores externos para pensar a própria psicanálise. Na última parte, é realizada uma discussão sobre a importância da análise da contratransferência e sua relação com a discussão de gênero.

Psicanálise no Juizado de Violência Doméstica: A História das Mulheres

“…Logo, o homem se protege da falta mediante do "ter", como possui no corpo o suporte imaginário do falo. Ou seja, ninguém possui o falo (Cavalheiro & Silva, 2021;Martins, 2021).…”

No Divã de Paul B. Preciado: Psicanálise e (Des)obediência Epistêmica

“…Mais do que isso, Preciado (2019Preciado ( , 2022 defende que ele já está em crise e em mutação há pelo menos 60 anos, como revelam os movimentos transfeministas, queer, antirracistas, e as novas práticas de filiação, relações amorosas, desejo e nominação. O autor entende que esses elementos são reveladores também de experimentações no processo de fabricação de uma nova epistemologia e nos convoca, na condição de psicanalistas, a nos unirmos a eles nessa construção coletiva (Cavalheiro & Silva, 2020).…”

Psicanálise e Feminismo em Karen Horney: A Crítica ao Referencial Masculino

“…A quase ausência de conhecimento da obra de Horney em universidades e mesmo em instituições de psicanálise no Brasil contrasta com o aumento das produções acadêmicas com enfoque nos entrelaçamentos entre psicanálise e estudos de gênero, ou psicanálise e feminismo, tanto na forma de publicações de livros (Ambra & Silva, 2014;Ceccarelli, 2019;Mariotto, 2018;Martins & Silveira, 2020) quanto de artigos científicos (Cavalheiro & Silva, 2020;Martins, 2021;Santos, 2018;Stona & Ferrari, 2020), a partir dos mais diversos referenciais teóricos e posicionamentos ético-políticos. Surpreendese, portanto, dada a importância de Karen Horney no estabelecimento das aproximações nessas áreas, que a autora seja pouco lembrada e referenciada nas produções acadêmicas do Brasil nessa mesma seara.…”