Introdução: O delirium é uma síndrome frequente, com morbimortalidade associada considerável mas potencialmente prevenível se instituídas medidas de prevenção e rastreio adequadas. No entanto, é ainda pouco conhecida e muitas vezes subdiagnosticada, principalmente na Atenção Primária à Saúde onde está muitas vezes associado a internamento recente e situações benignas facilmente corrigíveis se detetadas precocemente. O objetivo deste trabalho foi a realização de uma revisão sobre o delirium, assim como propor uma abordagem diagnóstica, terapêutica e preventiva na Atenção Primária à Saúde. Métodos: Foi feita uma pesquisa bibliográfica de artigos publicados entre janeiro de 2008 e dezembro de 2020, na PubMed e Scielo com o descritor “delirium” combinado com “primary health care” ou “general practice”. Resultados: Na abordagem do delirium, importa primeiro identificar indíviduos de risco, tarefa que tem por base um modelo multifactorial que conjuga fatores predisponentes e precipitantes. Em termos de métodos de rastreio, o mais usado é o Confusion Assessment Method, mas testes de avaliação da atenção ou Escala de Agitação e Sedação de Richmond podem também ser usados, sempre em associação com o exame físico completo para confirmação diagnóstica. A abordagem terapêutica e preventiva assenta essencialmente em medidas não farmacológicas que visam corrigir fatores de risco. Considerações Finais: De uma forma geral, o desenvolvimento de programas sistemáticos de formação e rastreio que envolvam uma equipa multidisciplinar, incluindo elementos da Atenção Primária à Saúde e cuidadores, podem ser a chave para o sucesso na redução da incidência do delirium e das suas consequências.