A tualmente, a resistência aos antimicrobianos (RAB) é um dos problemas de saúde pública mais preocupantes a nível global, com ameaça de regresso à era pré-antibiótico. 1 Na Europa, o impacto das infeções por bactérias resistentes Rev Port Med Geral Fam 2019;35:346-59 346 Nuno Miguel Parente* PRACI -Perceção dos utentes sobre antibioterapia, Resistência a Antimicrobianos e Controlo de Infeção RESUMO Objetivo: Caracterizar os conhecimentos dos utentes sobre práticas inerentes à antibioterapia, concetualização de resistência a antimicrobianos (RAB), controlo de infeção e averiguar a existência de relação entre a informação sobre RAB e restantes variáveis. Tipo de estudo: Estudo observacional, transversal e analítico. Local: USF Viver Mais. População: Utentes inscritos na USF Viver Mais com 18-69 anos (n=6.952).Métodos: Questionário anónimo aplicado a uma amostra de 365 utentes. Incluiu variáveis demográficas como idade, sexo e escolaridade, presentes na Parte I, e 15 perguntas de escolha simples na Parte II sobre conceito e funcionamento do antimicrobiano (AB), atitudes relativas ao AB, adequação do AB a determinados sintomas e doenças, práticas de controlo de infeção, fonte de informação sobre RAB, definição e dimensão da RAB. Resultados: Houve maior representatividade do sexo feminino (61,9%), do grupo com 45-54 anos e escolaridade ≥ 12º ano. A maioria reconheceu o papel dos AB nas infeções víricas e mais de 70% identificou os AB como fármacos anti-piréticos e anti--inflamatórios. A principal indicação para AB foi a odinofagia com duração ≥ 5 dias e aproximadamente 89% concordou em utilizar AB de familiares/amigos. Cerca de 50% considerou importante a higienização das mãos após contacto com uma instituição de saúde e 69,4% após contacto com secreções respiratórias. O reconhecimento do conceito da RAB constatou-se em 58,1% dos utentes, em que 50% a percecionou como problema pessoal e familiar. Mais de 88% conceptualizou a RAB como uma falha de resposta do corpo aos AB.Verificou-se relação entre a informação sobre RAB do doente e as seguintes variáveis: escolaridade; conhecimento sobre o efeito negativo do AB na flora autóctone; importância do AB no tratamento da constipação, gripe e odinofagia; autossuspeição do utente da necessidade de tratamento com AB; decisão de antibioterapia gerida pelo médico e confiança no médico não--prescritor de AB (p<0,05). Conclusões: Em geral, os utentes demonstraram baixo conhecimento nas diversas áreas, apesar de sobreponível à literatura. Deste modo, o médico de família pode dirigir as suas ações para a informação adequada do conceito de RAB e implicações no ecossistema.
Palavras-chave:Resistência a antimicrobianos; Antibióticos; Controlo de infeção; Literacia em saúde. reflete-se anualmente em aproximadamente 33.110 mortes e 874.541 anos de vida ajustados para incapacidade. 2 Relativamente ao custo, na União Europeia ABSTRACT PARIC -PATIENTS' PERCEPTION ON ANTIBIOTIC USE, ANTIMICROBIAL RESISTANCE AND INFECTION CONTROL Objective: To characterize the knowledge about practices inher...