IntroduçãoEste artigo analisa os índices de unidade partidária nas votações nominais de temas de política externa de seis países latino-americanos: Argentina, Brasil, Chile, México, Paraguai e Peru. O objetivo central é comparar os índices de unidade partidária nas votações de política externa e doméstica, testando a hipótese da especificidade da política externa no que tange ao comportamento legislativo na América Latina.O comportamento legislativo representa um fenômeno de grande interesse para a compreensão do funcionamento das democracias representativas. No caso das democracias latino-americanas, uma grande proliferação de estudos empíricos buscou compreender as implicações e determinantes do comportamento legislativo na formulação das políticas pú-blicas em geral. Um aspecto relevante, porém ainda pouco explorado, é o estudo do comportamento do legislador latino-americano desagregado pelo tema da política. Alguns temas são mais importantes do que outros para os partidos, estes se comprometem com aqueles mais relevantes para seus eleitores (Traber, Sciarini e Hug, 2010). Dentre as diversas áreas temáticas tramitadas nos Legislativos nacionais, a política externa apresenta uma característica única que suscita distintas interpretações acerca do comportamento legislativo na temática. A diferença central entre as políticas doméstica e internacional 1 reside no paradigma clássico das relações internacionais: enquanto na primeira há a existência de um Estado nacional capaz de legislar e garantir a ordem em suas fronteiras, na segunda há a ausência de uma entidade supranacional, caracterizando o sistema internacional como anárquico (Aron, 1985).Essa distinção pode produzir incentivos específicos aos legisladores, influenciando as estratégias