"Quando um muro separa, uma ponte une": conexões transnacionais na canção engajada na América Latina (anos 1960/70)

Abstract

(FAPESP), pelo apoio financeiro fundamental para a concretização deste projeto. À orientadora desta pesquisa, professora Maria Helena R. Capelato, pela confiança em mim e neste trabalho, pela enorme generosidade e carinho com que sempre me acolheu e pela grande amizade nestes anos de convívio. À professora Maria Lígia Coelho Prado, pelo incentivo e apoio, por acreditar nas possibilidades desta pesquisa, pela convivência sempre tão afetiva e agradável. Aos professores Marcos Napolitano e Tânia da Costa Garcia, que acompanharam a pesquisa desde o início com muito interesse e trouxeram contribuições fundamentais no exame de qualificação. À professora Mary Anne Junqueira, sempre tão receptiva e atenciosa, fundamental para desvendar os caminhos do "transnacional". A todos os professores e colegas participantes do Projeto Temático FAPESP "Cultura e política nas Américas" e do Laboratório de Estudos de História das Américas (LEHA). Os encontros do grupo, todas as discussões ali desenvolvidas, e a oportunidade de apresentar essa pesquisa e receber críticas e contribuições foram muito importantes para o amadurecimento do trabalho. Ao grupo de orientandos da professora Maria Helena Capelato, com quem é um prazer compartilhar os caminhos da pesquisa.

“O Cinema comporta discursos”: A América Latina pelos olhos e ouvidos de Geneton Moraes Neto

“…As músicas reconhecidas fazem parte da "Nueva canción", um movimento de canções engajadas que denunciava as mazelas sociais, valorizava o folclore nacional e andino, servia como um veículo de crítica às ditaduras militares, Dossiê: Linguagens Políticas Revista Crises, v. 2, n. 2, novembro de 2022. https://doi.org/10.51359/2763-7425.2022.256051 https://periodicos.ufpe.br/revistas/crises defendiam mudanças por uma nova América Latina e evocava uma unidade latino-americana (GOMES, 2013).…”

“Tercer mundo global”: as várias identidades dos Secos & Molhados (1974)

“…identidade latino-americana. Tal identidade peitava o imperialismo estadunidense e ao mesmo tempo propunha um caminho à esquerda que não se sujeitava à União Soviética(GOMES, 2013). Em uma palavra, na América Latina se encontravam cancionistas e literatos engajados que estabeleceram diálogos transnacionais sobre o papel da arte na luta política, situação que estava em compasso com o todo o Ocidente.…”

Integração cultural em festivais da canção: entre a América Latina e a Ibero-América

“…Descrito por Fairley (1984) como um termo guarda-chuva para vários movimentos com particularidades culturais e nacionais, relacionados ao redor de princípios comuns, o termo foi primeiramente debatido como uma das possibilidades de designação da música feita dentro do contexto do I Encontro da Canção de Protesto (I Encuentro de la Canción Protesta, no original em espanhol). Os artistas ali reunidos, que incluíam músicos advindos de 15 países das Américas, da Europa, da Ásia e da Oceania, participaram de uma série de atividades e apresentações e emitiram uma resolução acerca de temas discutidos durante o Encontro (Gomes, 2013;Ossorio, [1967] no Haiti, por exemplo, latino-americano, mas não ibero-americano.…”

“…uniam aqueles músicos e que ajudam a definir a Nova Canção: o alinhamento (mais ou menos comprometido) com as esquerdas e as lutas populares. A Nova Canção Latino-americana surgiu intrinsecamente ligada a esses movimentos de esquerda, e, portanto, se insere dentro de um rico contexto político-ideológico engajado internacional e regional, além de ser parte ativa da história Nesse contexto altamente político, a Nova Canção surge como tendência musical e ferramenta política Gomes (2013). eVelasco (2007) veem o Encontro da Canção de Protesto em Cuba como um ponto de inflexão em que essa inclinação política foi confirmada e apoiada.…”

“…Ainda assim, essa mesma relação abriu as portas para uma série de cooperações transnacionais, e a busca pela qualidade técnica fez com que a Nova Canção não se transformasse em puramente panfletária, mas, pelo contrário, alcançasse grande valor para além do puramente político, e muitos de seus nomes entrassem para a história musical de Nova Canção, por suas participações e regravações, (como Milton Nascimento e Chico Buarque) participaram também de gêneros e movimentos próprios ao país, como a Música Popular Brasileira.Considerando-se a luta contra a opressão e o imperialismo, percebe-se um dos fatores de aglutinação ou aproximação de artistas dedicados a um resgate cultural nacional a partir de uma causa comum. SegundoGomes (2013), essa música engajada começou a ser gestada no Cone Sul: partindo da Argentina, do Uruguai e do Chile no começo dos anos 1960 e, posteriormente, ganhando novos alcances ao mesmo tempo em que se fazia um projeto transnacional, conforme os músicos da Nova Canção propunham cooperações a partir de uma identidade comum que, como dito, vinha da luta popular e da ideia de mudança social Velasco (2007). também nota essa proposta de identidade, embora critique uma suposta superficialidade desse projeto latino-americano, baseado, segundo a autora, numa suposição do que deveria ser o povo, que acabava por dar menos relevância às diferenças de percepção de mundo de cada parcela nacional.…”