Este trabalho situa-se no campo dos processos criativos com vistas a investigar aqueles envolvidos na elaboração dos arranjos de “Maracatú”, “Palhaço” e “Água e Vinho”, realizados pelo autor do artigo a partir de temas compostos por Egberto Gismonti e da discussão do seu entorno. Metodologia: a partir das análises das obras originais e da descrição dos arranjos elaborados, observa-se que algum tipo de colagem foi realizado em suas partes. Nesse sentido, há um cotejamento com esses processos e aqueles apontados em algumas obras de Heitor Villa-Lobos pelo professor de Composição aposentado da USP Willy Corrêa de Oliveira (1938). Complementando a metodologia, algumas interpretações a partir de elementos extramusicais e aspectos das musicalidades encontradas em manifestações brasileiras de acordo com os gêneros – maracatu, guarânia, canção e choro – das composições foram apontadas. Assim, como resultado, a partir de uma discussão sobre o procedimento rapsódico no arranjo de música popular, aponta-se para a possibilidade de uma concepção metalinguística do arranjo como colagem, ou o arranjo dentro do arranjo. Na conclusão, conceitua tal procedimento dentro de uma possível perspectiva do pós-modernismo em música.