Este artigo tem como objetivo discutir as interações entre aspectos conceptuais e histórico-culturais em representações racistas sobre pessoas negras. Essa exploração é realizada a partir dos estudos sociocognitivos da linguagem (SALOMÃO, 1999; KOCH; CUNHA-LIMA, 2004; MARCUSCHI, 2002; entre outros) e de estudos sócio-históricos do racismo (MUNANGA, 1999; 2003; COSTA, 2006; REGINALDO, 2018; entre outros). Neste artigo, apresentamos e discutimos argumentos, exemplos linguísticos e resultados analisados das pesquisas linguístico-cognitivas recentes de Vereza e Puente (2017) sobre a conceptualização do mal como escuridão e de Mendes (2016) sobre a representação do negro como macaco na linguagem em uso. A pesquisa de Vereza e Puente (2017) utiliza metodologias baseadas no levantamento de expressões linguísticas metafóricas (não) racistas nos textos bíblicos. A pesquisa de Mendes (2016) analisa comentários racistas da rede social Facebook e textos dos séculos XIV a XX do Corpus do Português. Os resultados dessas pesquisas indicam que a representação negativa da escuridão e da cor preta tem forte base corpórea ou experiencial, enquanto a representação do negro como macaco tem uma base mais histórico-cultural. Com base nessas pesquisas, concluímos que aspectos conceptuais e histórico-culturais se imbricam de diferentes formas em representações racistas de pessoas negras.