Os espaços urbanos são marcados por assimetrias cotidianas que são agravadas nas áreas periféricas. Nesses espaços, tornam-se mais evidentes tensões, conflitos, incertezas, insegurança, desigualdade, diminuição das oportunidades sociais e econômicas e são dificultados o acesso à cultura, educação e saúde. Na perspectiva de Carlos ( 2013), tal processo designa a segregação vivida na dimensão do espaço cotidiano, que ultrapassa a noção de morar e avança em direção ao sentido do habitar, dos direitos, dos usos, da moradia, do transporte, da acessibilidade e da deterioração e diminuição dos espaços públicos (CAVALCANTI; ARAUJO, 2017).Noutra perspectiva, Spósito (2013, p. 67) destaca a que a segregação socioespacial resulta de um jogo de forças, centrado em relações desiguais de poder. Pois, [...] é preciso sempre perguntar quem segrega, para realizar seus interesses; quem a possibilita ou a favorece, com normas e ações que a legalizam ou a legitimam; quem a reconhece, porque a confirma ou parece ser indiferente a ela; quem sente, porque cotidianamente vive essa condição; quem contra ela se posiciona, lutando ou oferecendo instrumentos para a sua superação; quem sequer supõe que ela possa ser superada e, desse modo, também é parte do movimento de reafirmação.