O seu grande emprego em cirurgia de cabeça e pescoço deve-se, sobretudo, ao fato do RMA ser pouco espesso, o que permite moldá-lo para a reconstrução de defeitos complexos 2,3 . Outras vantagens do RMA são: a presença de um pedículo vascular constante cujos vasos, por apresentarem um grande calibre, facilitam tecnicamente as anastomoses vasculares no leito receptor; a tolerância ao tratamento radioterápico no período pós-operatório precoce quando este se fizer necessário; pelo fato de ser delgado, sofre menos efeito da gravidade que outros retalhos, mantendo sua posição na área receptora; a possibilidade da inclusão de um fragmento de osso (rádio), compondo um retalho ósteo-fáscio-cutâneo, permitindo a imediata reconstrução da mandíbula quando esta se fizer necessária; a possibilidade da ressecção tumoral e da elevação do retalho serem realizadas ao mesmo tempo por duas equipes cirúrgicas, minimizando a duração da operação.No presente trabalho é apresentada a experiên-cia com pacientes submetidos a ressecções de tumores malignos da cabeça e do pescoço na Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital das Clíni-cas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, no período de abril de 1990 a novembro de 1996, nos quais o RMA foi utilizado para a reconstrução dos defeitos resultantes. A experiên-Emprego do retalho microcirúrgico antebraquial na reconstrução em cabeça e pescoço: experiência de 11 casos. cia dos autores publicada previamente na literatura 4,5 diz respeito ao emprego do RMA em casos de defeitos de origem oncológica e não-oncológica (traumas, afecções congênitas e outras).
CASUÍSTICA E MÉTODOA Tabela 1 apresenta, de maneira sintética, 11 pacientes submetidos a reconstrução microcirúrgica com utilização do RMA. Todos os doentes eram portadores de tumores malignos e foram submetidos a ressecções de grande porte na região da cabeça e do pescoço. A idade dos pacientes variou de 7 a 76 anos (média de 51,8 anos). Cinco pacientes eram do sexo masculino. Os sítios dos tumores primários foram os seguintes: órbita em quatro casos, região maxilar em dois casos, cavidade oral e orofaringe em dois casos e lábio em três casos. A histopatologia revelou sete casos de carcinoma espinocelular, um caso de carcinoma sebáceo, um caso de adenocarcinoma e dois casos de carcinoma basocelular.No pré-operatório todos pacientes foram submetidos ao teste de Allen. Tal método permite testar a suficiência da artéria ulnar no suprimento sangüíneo da mão, através dos arcos arteriais palmares na ausência da artéria radial. Quando comprovada tal suficiência (teste de Allen negativo), está o cirurgião autorizado a elevar o RMA com conseqüente ligadura da artéria radial. Todos pacientes apresentavam o teste de Allen negativo no pré-operatório.No intra-operatório o membro superior é garroteado e, após a demarcação da superfície do retalho, prossegue-se a elevação do mesmo no sentido distal para proximal (Fig. 1). A artéria radial, identificada na metade distal da face volar do antebraço entre os músculos braquiorradial e f...