RESUMO: A retocele é uma disfunção pélvica pobremente diagnosticada, apesar de sua prevalência significativa. Seu reconhecimento é essencial para o tratamento de determinados casos, como constipação refratária. A sintomatologia é vaga, e nem sempre associada ao prolapso. O tratamento clínico é ineficaz quando utilizado isoladamente. Existem várias técnicas, e dentre elas a abordagem transperineal pode ser considerada uma opção adequada na correção do prolapso. Nas 12 pacientes objetos de nosso estudo, houve melhora significativa do padrão evacuatório, uma resposta aceitável no tratamento da dispareunia, com índice de recidiva tolerável e alto grau de satisfação pós-operatória. A comparação com as demais técnicas ainda exige estudos comparativos mais significativos, com amostras mais expressivas. Até o momento, qualquer análise comparativa entre as técnicas cirúrgicas utilizadas pode ser falha.Descritores: Reparo transperineal; retocele; grau de satisfação; dispareunia; recidiva.
Trabalho realizado pelo Grupo de Coloproctologia da Santa Casa de Belo Horizonte e Faculdade de Ciências Médicas de Minas GeraisRecebido em 03/06/2009 Aceito para publicação em 11/08/2009 INTRODUÇÃO Prolapsos de assoalho pélvico (PAP) são responsáveis por ± 300.000 cirurgias anuais nos Estados Unidos, gerando um custo de ± 1 bilhão de dólares ao ano. A mulher apresenta um risco de 11,1%, durante sua vida, de desenvolver desordem de assoalho pélvico. Além disso, estima-se que os PAP terão a incidência aumentada em 45% em um futuro próximo, sendo considerado, em breve, como principal motivo de consulta relacionadas aos distúrbios do assoalho pélvico.A retocele é uma desordem ainda pouco compreendida, e ainda não há procedimentos padronizados para diagnóstico. A literatura mundial mostra grande variação na incidência dos PAP, entre 30 e 93% das mulheres, variando conforme idade, paridade e tipo de parto realizado. Além disso, acrescenta-se o fato de que poucos PAP são sintomáticos.A abordagem cirúrgica do PAP é uma opção de tratamento, porém, sabe-se que a resolução da falha anatômica da musculatura pélvica não necessariamente elimina os sintomas previamente associados. A recidiva após cirurgia para abordagem do PAP é elevada, admitindo Olsen et al. (1997) uma taxa de recorrência pós-operatória de ± 29,9%, sendo uma das causas dessa alta incidência a grande variedade de téc-nicas cirúrgicas utilizadas no reparo de retoceles. Há poucos trabalhos comparativos (geralmente retrospectivos e com pequena amostra populacional) entre as técnicas cirúrgicas empregadas, e uma indefinição sobre a indicação de determinada técnica para cada tipo específico de paciente e de morbidade.O estudo ora proposto objetiva avaliar o grau de satisfação de pacientes submetidas ao "reparo cirúrgico transperineal de retoceles", assim como avaliar dispareunia pós-operatória e recidiva de sintomas.