As últimas décadas trouxeram rápidas e bruscas transformações no mundo do trabalho. A caracterização dos Grundrisse segundo a qual a base de apropriação a partir do valor ou da exploração do tempo de trabalho imediato dos indivíduos tornar-se-ia impotente frente à imensa riqueza alcançada pelas forças produtivas, e segundo a qual alcançar-se-ia, com isto, as condições para uma drástica redução do tempo de trabalho dos indivíduos, são traços que se têm visto concretizar, tanto no que diz respeito ao desenvolvimento, sob a égide da informática, de forças produtivas de uma riqueza e potencialidade incomparáveis, quanto no que concerne ao anacronismo da propriedade privada, simbolizado, entre outras coisas, pelas disputas com vistas à subsistência e renovação da propriedade intelectual. Tais transformações deram lugar a análises de diferentes tipos no interior da sociologia, da filosofia e das ciências humanas de modo geral: seria este o fim do trabalho e o nascedouro de outro tipo de atividade; tratar-se-ia do chamado trabalho imaterial ou da centralidade de atividades de cunho comunicacional e não mais instrumental ou, em outra perspectiva, tratar-se-ia de uma crise do próprio capitalismo em que o trabalho deveria ser encarado como algo a ser superado tanto quanto o capital? Nesta comunicação, apresentaremos alguns aspectos deste debate, em especial no que concerne ao trabalho imaterial e as passagens em que Marx tratou do ´intelecto coletivo´, buscando propor uma leitura do mundo do trabalho na contemporaneidade.