Esta proposta adentra no universo da cultura popular, das narrativas e poéticas orais, apresentando uma personagem com uma potência criadora singular: Maria José Dantas das Mercês, Dona Maria Baia, sexagenária, agricultora, residente no Assentamento Rose de Santa Luz-BA e detentora de um modo de produção artístico-cultural que apresenta escrituras, “escrevências e feituras” de poesias, letras de música, contos, artesanatos e culinária alternativa. Objetiva-se mostrar como os (a)fazeres poéticos desta personagem, em específico os cânticos e cantorias, ajudaram a produzir outras subjetividades para si e para outras mulheres, interferindo no coletivo comunitário. Metodologicamente, estamos empreendendo uma análise e exploração documental, a partir de acervos institucional cedidos para a pesquisa, o qual aliamos os estudos da literatura e cultura popular pela via da crítica cultural, levando em conta uma perspectiva autobiográfica, os estudos de gênero, de subjetividades e de feminismos. As poéticas, escrituras e performances socioculturais desta personagem tem favorecido uma desconstrução de uma identidade prescrita para ela e outras mulheres, desencadeando outros modos de vida e outra percepção de si, que se desenha como resistência às condições adversas de subalternidade em seu habitat social e ao patriarcado e suas interseccionalidades.