Reinvenção dos mercados da agricultura familiar no Brasil: a novidade dos sites e plataformas digitais de comercialização em tempos de Covid-19

Abstract

Resumo: O objetivo deste artigo é analisar o processo de reinvenção dos mercados da agricultura familiar brasileira durante a pandemia da Covid-19, especialmente as (re)conexões a partir de sites e plataformas digitais de comercialização de alimentos e produtos com consumidores urbanos. Para tanto, foi realizado um amplo levantamento de informações em 38 iniciativas distribuídas geograficamente em todas as regiões do país. O trabalho mostra que os novos canais de comercialização digital da agricultura familiar do Brasil são fortemente baseados em organizações coletivas, visam construir cadeias curtas locais e regionais e abastecem a população com alimentos in natura, agroindustrializados e ecológicos com atributos de qualificação variados. Palavras-chave: agricultura familiar; cadeias curtas; comercialização; desenvolvimento rural; mercados digitais.

Agricultura familiar e o conhecimento prévio das tecnologias digitais: um estudo de caso na região metropolitana de Belém

“…O baixo grau de acesso às tecnologias ainda é muito associado a vulnerabilidades sociais dos agricultores familiares no país, nesse sentido, a comercialização utilizando a informática pode se tornar uma importante estratégia para que ocorra um desenvolvimento tecnológico nas zonas rurais, destacando também o relevante papel do Estado e das organizações que representam essas famílias para que seja mais efetivada (Gazolla & Aquino, 2021). Dessa forma, expõe-se a necessidade de incentivo a políticas públicas neste setor voltadas para o agricultor familiar, tendo em vista que atualmente a informática se apresenta como um importante recurso de comunicação e comercialização podendo vir a contribuir para a obtenção de melhores lucros para as famílias que a utilizam.…”

enfoque da cesta de bens e serviços territoriais aplicado à análise das agroindústrias familiares e suas especificidades alimentares no extremo Oeste Catarinense

“…Também deve-se considerar a pandemia da Covid-19, que limitou a comercialização de várias AGFs, com maior impacto nas que participavam de mercados institucionais em decorrência do fechamento das escolas ou mesmo em feiras (decretos municipais de lockdown). Sem a construção imediata de mercados digitais, para viabilizar a comercialização, essas tiveram que reduzir a produção, comercialização e, em alguns casos, até encerrar as atividades Aquino, 2021).…”

Reconexão Entre Produtores E Consumidores Em Cadeias Agroalimentares Curtas Por Meio De Uma Mídia Social

“…A pesquisa com dados secundários foi realizada por meio da busca no Facebook, rede social que continua sendo a mais utilizada no mundo, com cerca de três bilhões de usuários ativos mensais. No Brasil, apesar de ter perdido um pouco da popularidade, segue como a mídia social mais utilizada no início de 2021, e continua sendo uma plataforma forte para publicidade e engajamento (Kemp, 2021) (Gazolla & Aquino, 2021). Dessa forma, foram utilizados os termos (Quadro 1), como pontos de partida para encontrar as páginas:…”

“…Estes foram afetados diretamente pelo isolamento social e impossibilidade de contato físico, causados por uma pandemia. Há crescimento de outras formas de interação, como a virtual, e podem ser implementadas através do uso de sites, aplicativos ou redes sociais (Gazolla & Aquino, 2021).…”

“…A palavra reconexão remete à ideia de uma conexão perdida ou danificada (Kneafsey et al, 2013), e implica a desconexão no sistema agroalimentar anteriormente abordado como convencional, que distancia produtores, consumidores e alimentos (Dowler et al, 2009) (Gazolla & Aquino, 2021). O tema necessita ser mais explorado no contexto brasileiro: no aspecto das relações dentro das cadeias curtas estarem acontecendo com mais frequência em ambientes virtuais (Cui, 2014;Reed & Keech, 2019;Fonte, 2008); na perspectiva de a reconexão virtual reportar à reconexão material (Bos & Owen, 2016;Dowler et al, 2009); em outros formatos digitais de venda, além de websites próprios, como mídias sociais (Gazolla & Aquino, 2021); e com enfoque direto, em que cadeias curtas sejam o tema principal do estudo (Duarte & Thomé, 2015).…”