As(os) profissionais de enfermagem que trabalham em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) são frequentemente expostas(os) a estressores crônicos no local de trabalho, os quais podem afetar adversamente sua saúde mental e física. Portanto, ambiente de trabalho, trajetória de vida pessoal e profissional desses trabalhadores afetam diretamente a realidade de cuidados. O objetivo desse estudo foi investigar o universo laboral desses profissionais a partir de variáveis como jornada de trabalho, função, salário, carreira profissional, sindicalização, relações interprofissionais, trajetória de vida e profissional, a concepção de “cuidado” e a divisão de trabalho entre homens e mulheres. Para isso, foi realizada uma pesquisa de abordagem qualitativa, utilizando-se como estratégia de produção de dados entrevistas com sete enfermeiras e um enfermeiro, com duração média de 40 minutos, à distância, utilizando-se tecnologias como Zoom e Google Meet, organizadas a partir de um roteiro semiestruturado. Evidenciou-se que a maioria apresentou imenso desejo de servir e cuidar do próximo. Todas(os) as(os) entrevistadas(os) afirmaram que na época em que realizaram sua formação havia muito mais mulheres do que homens no curso. Além disso, grande parte afirmou possuir mais de um local de trabalho, sobretudo pela justificativa da baixa remuneração na área e afirmaram uma série de problemas físicos e emocionais relacionados ao trabalho. Falta de insumos e de funcionários nos hospitais e má qualificação de parte da equipe profissional se encontram como outros desafios enfrentados. Conclui-se, assim, que enfermagem é uma profissão ainda negligenciada, com imensa divisão sexual do trabalho, desafios intensificados durante a pandemia de COVID-19.