Relações De Gênero E Sentidos Sociais Do Trabalho Feminino

Abstract

O objetivo deste trabalho foi apresentar considerações acerca das construções sociais de gênero e os sentidos atribuídos ao trabalho feminino a partir de algumas discussões trazidas por autores como Bauman, Giddens, Park e Sennett, entre outros. A escolha dos estudiosos acima decorreu do contato com alguns artigos, textos e obras, durante o processo de formação do curso de licenciatura em sociologia. Foi realizada uma contraposição do estudo destas teorias com o cotidiano do trabalho desenvolvido por mulheres.Percebeu-se que este foi um rico lócus para a observação e análise das construções sociais de gênero, bem como dos sentidos atribuídos ao trabalho feminino. As discussões trazidas nesse trabalho possuem em seu cunho, reflexões que permeiam aspectos relacionados à sociedade pós-moderna que possui características como a instabilidade, a fluidez e transitoriedade. Foi possível estabelecer relações entre essas características e as questões que se fazem presente no contexto do trabalho feminino. Foram tomados como base

Percepções de mulheres sobre gestação e os sentidos do trabalho

“…Pesquisas que investigam os sentidos do trabalho são realizadas tanto com profissões tradicionais quanto não tradicionais, porém, poucas abordam questões de gênero ao investigar esse fenômeno (Sá & Lemos, 2017), apesar de o contexto do trabalho ser um dos ambientes no qual as desigualdades entre homens e mulheres mais se destacam (Guiginski & Wajnman, 2019;Sousa & Guedes, 2016). Estudos identificam que homens e mulheres podem atribuir diferentes sentidos ao trabalho (Curado & Menegon, 2009;Fiorin et al, 2014;Rodrigues et al, 2016;Rodrigues et al, 2019;Siqueira, 2016), fato que pode ocorrer pelos diferentes papéis (sociais) ocupados (Rodrigues et al, 2019). Ainda hoje, permanece diferenças entre "trabalho de homem" e "trabalho de mulher", o que evidencia uma divisão sexual de atividades funcionais na sociedade, o que estabelece um valor que deprecia aquilo que é associado ao feminino (Fiorin et al, 2014).…”

“…O trabalho não doméstico para as mulheres passou a ser validado após um contexto histórico emergencial: as guerras que retiravam os homens, até então, únicos provedores de seus lares. Mas, mesmo sendo uma necessidade da sociedade, as mulheres ainda enfrentavam resistências e discriminações (Fiorin et al, 2014;Garcia & Viecili, 2018;Guiginski & Wajnman, 2019;Rodrigues et al, 2019). Frente ao atual contexto socioeconômico e o aumento do desemprego no país, identifica-se que a atribuição do papel da mulher à domesticidade ainda é forte, principalmente por ser culturalmente sustentada (Amaral, 2013;Coelho et al, 2016;Curado & Menegon, 2009;Diogo & Maheirie, 2007;Silva, 2017;Sousa & Guedes, 2016).…”

“…Dessa forma, embora as mulheres venham conquistando seu espaço no mercado de trabalho e assumindo cargos importantes, principalmente a partir de seu investimento na educação e contínua busca por igualdade salarial e de gênero (Guiginski & Wajnman, 2019;Silva, 2017), a mudança ainda é tímida, não combatendo por completo as desigualdades expressivas que ainda existem no âmbito laboral (Coelho et al, 2016;Curado & Menegon, 2009;Guiginski & Wajnman, 2019;Rodrigues et al, 2019;Sousa & Guedes, 2016). Ainda assim, a carreira profissional contribui de forma significativa para a independência financeira e emocional da mulher (Fiorin et al, 2014).…”