Este artigo buscou levantar na literatura nacional os motivos pelos quais a relação entre as operadoras de planos de saúde e os cirurgiões-dentistas é conflituosa, traçando um histórico do mercado brasileiro na área, bem como o perfil do profissional deste segmento, destacando as implicações observadas quanto à autonomia profissional, remuneração e satisfação com o trabalho, a fim de fomentar uma reflexão crítica na categoria quanto às relações de trabalho no âmbito da assistência odontológica suplementar. A análise realizada evidenciou que o sistema de saúde suplementar se desenvolveu por mais de trinta anos sem interferência governamental, culminando em um crescimento alarmante, desordenado e desregulado, influenciado pelo excesso de oferta de dentistas e redução de pacientes que pagam por serviços privados. Dessa forma, grande parcela dos profissionais que têm se associado a planos de saúde na expectativa de expansão dos seus serviços são submetidos às demandas das operadoras que limitam seu trabalho àquele menos oneroso, interferem no plano de tratamento e utilizam tabelas de preços desatualizadas para o pagamento de procedimentos clínicos, levando a uma percepção negativa e descontentamento em relação ao desempenho das operadoras. Concluiu-se que de fato a relação é conflituosa, atingindo o profissional em diversas esferas, não apenas econômicas como pessoais, e está associada à expansão do sistema suplementar. Sendo assim, a prática odontológica é afetada na sua essência, sem que medidas de controle e supervisão, tão necessárias, sejam implementadas para corrigir assimetrias nas relações corporativas e evitar condições precárias da profissão.