A Síndrome de Guillain-Barré (SGB) é a maior causa de paralisia flácida generalizada no mundo, com incidência anual de 1 a 2 casos por 100.000 habitantes, com pico entre 20 e 40 anos de idade. Apresenta-se como uma neuropatia periférica inflamatória adquirida, de início agudo, monofásica e de caráter autoimune. Aproximadamente 60% a 70% dos pacientes com SGB apresentam alguma doença aguda precedente como infecções, intervenções cirúrgicas e mais raramente gravidez, como no caso relatado. Esse relato expõe o caso de uma paciente grávida que desenvolveu um quadro de encefalite concomitante à SGB e seu quadro típico através da análise de prontuário. Mulher, 26 anos, previamente hígida, há 5 anos iniciou durante o segundo mês de gestação quadro de fraqueza em membros inferiores, de forma ascendente, que evoluiu com ataxia de marcha, cefaleia, turvamento visual e perda de memória. À época, o diagnóstico estabelecido foi de Síndrome de Guillain-Barré através do histórico, exame físico, avaliação do líquido cefalorraquidiano (LCR) e pelos resultados da eletroneuromiografia da paciente. Devido contraindicação obstétrica, não foi administrado imunoglobulina intravenosa (IgIV). Ao invés disso, realizou pulso de corticoide, porém não houve melhora da motricidade, ocorrendo a instalação da forma crônica da neuropatia. Após o parto, foi iniciado tratamento com IgIV 0,4g/kg/dia por 5 dias, sendo realizada mais 4 doses posteriormente, ocorrendo satisfatória melhora motora. Recentemente, através de uma análise mais detalhada, foi definido o diagnóstico de Espectro da Síndrome de Guillain-Barré, que envolve a Neuropatia Axonal Sensório-motora Aguda (AMSAN) e critérios desmielinizantes comum à Polirradiculoneuropatia Desmielinizante Inflamatória Aguda (ADIP), associado à Encefalite de Bickerstaff. Atualmente a doença manifesta-se de forma mais branda, com intensa melhora dos sintomas, porém ainda apresenta leve ataxia e déficit de memória. Dessa forma, é importante que os médicos incluam SGB em seus diagnósticos diferenciais de forma que o tratamento seja instituído em tempo hábil para evitar casos de cronificação como no relato descrito.