No âmbito da Saúde Pública, o Acolhimento é uma ferramenta de intervenção na qualificação da escuta, além de garantir, nos serviços de saúde, a reorganização dos processos de trabalho e o acesso com responsabilização e resolutividade. Este artigo parte de pesquisa desenvolvida em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) localizado na região metropolitana de Porto Alegre (RS), que teve como objeto de estudo o Acolhimento. Objetivou-se analisar o que os trabalhadores desse serviço entendiam por Acolhimento. Tratou-se de estudo exploratório com abordagem qualitativa, concluído em 2010. A amostra foi escolhida de forma aleatória, composta por seis trabalhadores. Utilizou-se entrevista semiestruturada para coletar os dados que foram agrupados, com base nas orientações metodológicas da análise de conteúdo, em seis categorias. Os resultados permitiram verificar-se, dentro dos processos de trabalho, que a percepção do tema por parte dos trabalhadores não se restringia ao conceito tradicional de triagem, sendo o Acolhimento também relatado como uma ação em saúde e um espaço de escuta. Foi possível constatar que a análise do fluxo de Acolhimento possibilitou a reflexão a respeito do modo como se organizavam os processos de trabalho do CAPS, bem como do funcionamento da Rede de Saúde que esse serviço integra, revelando a predominância de modelos ainda hegemônicos de atenção em saúde e gestão dos serviços. Concluiu-se que o processo de Reforma Psiquiátrica exige não apenas investimentos na construção e organização de redes de Acolhimento em saúde mental como também a implicação dos gestores públicos nessa luta, que não pode ser entendida como uma responsabilidade apenas dos trabalhadores.