Resumo O presente artigo tem duas intenções principais, a saber: em primeiro lugar, mostrar, contra parte significante da bibliografia, que não foram apenas os tropicalistas que teriam herdado e atualizado o legado antropofágico e, em segundo lugar, que a melhor forma de mapear o legado antropofágico seria a utilização da noção de uso e não de, por assim dizer, hereditariedade ou continuidade. À vista disto, sugerimos que: (a) a noção de uso seria a melhor forma de estudo desta história intelectual; (b) os diferentes usos são condicionados a partir de influxos políticos, materiais e ideológicos distintos, o que leva ao estímulo ou não de certos aspectos de sua produção e (c) seis seriam alguns dos usos por nós cartografados. Outra ideia-força que subjaz de nosso trabalho é a de que a antropofagia é sistematicamente revisitada por formalizar elementos (e efeitos) decisivos da colonização no Brasil.