Representações sociais de mulheres portadoras de hipertensão arterial sobre sua enfermidade: desatando os nós da lacuna da adesão ao tratamento na agenda da Saúde da Família

Abstract

A falta de adesão ao tratamento e a consequente falta de controle da hipertensão arterial (HA) representam um grande desafio à Atenção Primária no Brasil. Compreender a relação subjetiva dos portadores de HA com a enfermidade pode ampliar as possibilidades de medidas de controle da HA mais efetivas. O objetivo deste trabalho foi conhecer e analisar as representações sociais de mulheres portadoras de HA sobre a doença e seu convívio familiar. Fizeram parte do estudo 26 mulheres diagnosticadas com HA e cadastradas em uma Unidade de Atenção Primária à Saúde do município de Porto Firme, MG. O estudo fundamentou-se na pesquisa qualitativa e elegeu as representações sociais como princípio teórico-metodológico. Os dados, obtidos por meio de grupos focais, entrevistas individuais e anotações em diário de campo, foram examinados através da análise de conteúdo. Nas análises emergiram os atrativos semânticos que retratavam as representações das mulheres sobre HA - efeitos psicológicos/sentimentos ligados ao diagnóstico da HA; o cotidiano do portador de HA e as mudanças em seu dia a dia;e o convívio familiar com HA - por meio das quais se identificaram diferentes dimensões e espaços ligados à adesão, no âmbito individual e coletivo, destacando-se o acesso à informação associado ao suporte social como fator favorável à adesão ao tratamento.

Prevalência Do Diagnóstico De Enfermagem Nutrição Desequilibrada Em Hipertensos

“…Os participantes apontavam aspectos positivos na mudança de estilo de vida e na prática de alimentação saudável, visto que diminuíam os sintomas da doença. Foi evidenciado, inclusive, que o apoio familiar estimula a aderência à alimentação adequada, principalmente quando a família adere ao hábito juntamente com o paciente (14) .…”

Benefícios dos grupos no manejo da hipertensão arterial sistêmica: percepções de pacientes e médicos

“…Uma educação emancipadora, tem sido discutida na APS e pelo movimento brasileiro da educação popular em saúde 18,19 , convergindo com recentes estudos sobre cuidado e autocuidado em situações crônicas na ênfase que dão ao aspecto dialogal, participativo e reflexivo da troca de experiências e perspectivas dos educandos 20 . Também convergem na constatação de que a transmissão de conhecimentos é insuficiente para lograr êxito educativo e substancial contribuição para o aumento da autonomia relativa e autocuidado, bem como na necessidade de discussão a partir das realidades e saberes da vida e do cuidado dos usuários, contrastando com a tendência monologal e de transmissão unidirecional de conhecimento comum nos profissionais, aproximada ao que Freire 17 chamou de educação bancária.…”

“…Para quem vivencia a situação, será pelas suas representações sociais que se estabelece o sentido de sua experiência e seu comportamento 20 . Porém, não somente as condições sociais influenciam as representações sociais e as práticas, mas estas representações também são refeitas com a experiência vivida 22 e tomam importante dimensão na hipertensão, similarmente ao diabetes, por se tratar de condição crônica silenciosa que demanda significativo esforço de adaptação às atividades e restrições previstas pelo saber médico.…”

Internato rural médico como importante estratégia de (trans)formação da educação médica: um relato de experiência sobre o trabalho interdisciplinar no controle da hipertensão arterial

“…Referente à atenção à saúde, a formação do estudante de Medicina, deve considerar o contexto social, político, cultural e ambiental dos sujeitos que necessitam de cuidados, tendo como eixos orientadores uma prática médica contínua e integrada visando à construção de projetos terapêuticos compartilhados, estimulando o empoderamento, o autocuidado e a autonomia das pessoas, famílias, grupos e comunidades, que estimule o protagonismo dos usuários sobre sua própria saúde 1,2,6,7 . De forma complementar, mas não menos importante, a atenção à saúde deve estar pautada nas políticas públicas, programas, projetos, ações estratégicas e diretrizes atuais, visando o intervir qualificado no quadro de morbimortalidade da população loco-regional.…”

“…No Brasil, a Estratégia de Saúde da Família (ESF), objetiva reorganizar o Sistema Único de Saúde (SUS), a partir da mudança de um modelo centrado no hospital para um modelo cuja ênfase é a APS, com foco no trabalho em equipe interprofissional, a partir da estruturação do cuidado no território onde a vida das pessoas aconteceo mundo do trabalho e da vida cotidiana. Destarte, os princípios da integralidade, longitudinalidade, territorialidade e focalização na famíliainscritos na ESFfazem com que esta estratégia seja o modelo mais adequado para alterar o quadro das enfermidades prevenindo os agravos, além de promover a saúde 2,6,7,8 .…”