2006
DOI: 10.1590/s0102-69092006000200007
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Representando corpo e violência: a invenção da "violência doméstica" em Timor-Leste

Abstract: Em maio de 2002, após quatro séculos de colonização portuguesa, 24 anos de ocupação militar indonésia e quase três anos de administração das Nações Unidas, Timor-Leste emergiu como país autônomo no cenário mundial. A parte mais recente desta história começa em setembro de 1999, quando um referendo realizado por uma missão das Nações Unidas revelou que quase 80% da população timorense era contrária à proposta de tornar o território uma província autônoma da República Indonésia. O referendo, resultado de anos de… Show more

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“…A humilhação pode tornar-se violência. E para que isso aconteça é preciso passar por um processo emocional específi co, diz Katz, é necessário que a humilhação se torne ira, ou é necessário, como argumentam Simião (2006) e Cardoso de Oliveira (2008), que a agressão seja, de fato, confi gurada moralmente como violência. Esses autores insistem na necessidade de desnaturalizar o que entendemos por violência, 13 a qual somente existe quando há um trabalho subjetivo moral que torna um ato (ora um ataque físico, ora um insulto ou um xingamento) em violência: "Um ato de uso de força, mesmo podendo ser sentido como agressão física por parte de quem o sofre, pode não ter maiores implicações no plano moral" (Simião, 2006, p. 135), ou seja, é necessário somar a dor física à dor moral (Simião, 2006, p. 139), e se for um insulto, é preciso que gere ressentimento em quem o recebe (Cardoso de Oliveira, 2008).…”
Section: Humilhação X Violênciaunclassified
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“…A humilhação pode tornar-se violência. E para que isso aconteça é preciso passar por um processo emocional específi co, diz Katz, é necessário que a humilhação se torne ira, ou é necessário, como argumentam Simião (2006) e Cardoso de Oliveira (2008), que a agressão seja, de fato, confi gurada moralmente como violência. Esses autores insistem na necessidade de desnaturalizar o que entendemos por violência, 13 a qual somente existe quando há um trabalho subjetivo moral que torna um ato (ora um ataque físico, ora um insulto ou um xingamento) em violência: "Um ato de uso de força, mesmo podendo ser sentido como agressão física por parte de quem o sofre, pode não ter maiores implicações no plano moral" (Simião, 2006, p. 135), ou seja, é necessário somar a dor física à dor moral (Simião, 2006, p. 139), e se for um insulto, é preciso que gere ressentimento em quem o recebe (Cardoso de Oliveira, 2008).…”
Section: Humilhação X Violênciaunclassified
“…O gênero da humilhação. Afetos, relações e complexos emocionais doméstica em Timor Leste, Simião (2006) chama a atenção a contextos em que as agressões físicas podem ser pensadas como um dever social ou pedagógico por parte de quem as utiliza, e dessa forma são normalizadas e não imaginadas como situações de risco. Laura, já disse, vivia os espancamentos como uma consequência normal de seu passado e como uma moeda de troca possível devido ao tipo de mulher que ela foi.…”
Section: Humilhação X Violênciaunclassified
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“…Gestos e atitudes em relação ao corpo, usualmente tidos como naturais, tornam-se atitudes de violência [...] (Simião, 2006).…”
unclassified
“…Importante destacar que esse tipo de pesquisa se baseia na percepção individual da violência, o que não representa toda a violência de fato sofrida. A percepção da violência depende do entendimento da pessoa sobre o que é violento, já que, enquanto categoria de percepção e classificação, é uma construção social e histórica, em constante disputa entre diferentes grupos sociais (SIMIÃO, 2006).…”
Section: Considerando O Período De 1960 a 2010 A Autora Conclui Queunclassified