Reprojeto do contraforte: um caso de aplicação do ecodesign em manufatura calçadista

Abstract

O objetivo deste artigo é relatar um caso de reprojeto de um produto existente, o contraforte injetado, focando na minimização do impacto ambiental e na redução de custo do produto final, o calçado esportivo. O estudo de caso ocorreu em empresa de componentes para calçados. Foram analisadas as práticas do ecodesign inseridas no projeto de produto da empresa e o modo como foram operacionalizadas. São discutidos, também, os motivos que levaram a empresa a adotar o ecodesign e as dificuldades e barreiras encontradas. O artigo faz uma revisão sobre ecodesign, apresenta a metodologia de pesquisa e os resultados da investigação. O contraforte reprojetado trouxe, para a empresa fabricante de calçados esportivos, parceira da empresa produtora do componente em estudo, diminuição significativa do uso de adesivos e solventes, além de uma redução de 9,7% no custo-alvo do processo de aplicação do contraforte no cabedal.

Adoção do ecodesign em empresas inovadoras no Brasil: levantamento e análise dos principais estímulos

“…Nesta mesma linha e baseado em revisão teórica, Kubota et al (2014) agrupou diversas práticas em dez princípios do ecodesign, são eles: escolha de materiais com baixo impacto ambiental, buscar a simplicidade ou modularidade do projeto do produto, incinerar resíduos ao invés de aterrá-los, reduzir a demanda de energia, usar fontes de energia renováveis, desenvolver produtos multifuncionais, desenvolver produtos com maior durabilidade, recuperar a embalagem do produto, evitar o uso de substâncias perigosas e, finalmente, empregar a abordagem de prevenção de acidentes. Borchardt et al (2010), em estudo realizado em uma empresa de confecção de calçados, observaram que os principais resultados obtidos por meio da aplicação do ecodesign no reprojeto de um item de calçado foram a redução no custo de 10% no produto final, diminuição dos resíduos gerados, redução na utilização de material fóssil e a melhoria na imagem da empresa perante o mercado.…”

Percepção ambiental dos designers quanto à adoção de práticas do ecodesign no desenvolvimento de calçados

“…No que diz respeito à questão ambiental, o setor calçadista brasileiro é marcado pela significativa geração de resíduos sólidos (Plentz & Tocchetto, 2014) e pelo pouco reaproveitamento do material, o que significa que praticamente todo o material utilizado na fabricação, inclusive o próprio produto fabricado, é descartado em aterros sanitários e industriais (Albanio & Tatsch, 2016). Cumpre destacar que as medidas de melhorias ambientais adotadas por esta indústria geralmente estão associadas a ações no processo produtivo e na logística (Plentz & Tocchetto, 2014), tendo como foco principal as questões de custos e atendimento de requisitos legais (Borchardt, Wendt, Sellitto & Pereira, 2010). Contudo, García-Diéguez, Herva e Roca (2015) destacam que os aspectos ambientais estão despertando o interesse dos consumidores e esta percepção é relevante para a indústria de calçados.…”

Prevenção de resíduos: um estudo de caso na indústria calçadista brasileira

“…Apesar do processamento do couro ser um processo produtivo antigo e bem consolidado, os estudos falham em fornecer um detalhamento dos resíduos gerados em cada uma das diferentes etapas do processo. Por outro lado, a maioria dos trabalhos técnicos fornece boa descrição da composição físico-química do material utilizado nos experimentos (ARAÚJO et al, 1997;BAHILLO et al, 2004;BORCHARDT et al, 2010;LIMA;LEITE;SANTIAGO, 2010;RODRIGUES et al, 2010;GODINHO et al, 2011;OLIVEIRA et al, 2012;WENZEL et al, 2012).…”

“…O único trabalho relacionado ao elo dos plásticos encontrado apresenta uma abordagem preventiva do ecodesign, utilizado para evitar a geração de resíduos, ou com o objetivo de reinserir aquilo que é gerado durante o processo produtivo (BORCHARDT et al, 2010).…”

“…Fonte: Elaboração própria baseada emBORCHARDT et al (2010) buscando modelos mais simples, com componentes menos impactantes e poucas emendas que necessitem de costura. Tanto ManA quanto ManB buscam otimizar o corte das partes para diminuir o desperdício, e guardam e reutilizam as sobras que não conseguem evitar.…”