Neste artigo, analisamos as ocorrências de objeto direto anafórico de 3ª pessoa, investigando duas estratégias produtivas em português brasileiro: o pronome pleno (ele/ela) e o objeto nulo (ON). Visto que essas duas estratégias não estão em variação livre, nosso objetivo foi verificar qual traço semântico do antecedente estaria condicionando o uso das duas variantes. Baseando-nos em literatura recente (CREUS; MENUZZI, 2004; PIVETTA, 2015; AYRES, 2016; OTHERO et al. 2016, OTHERO; SCHWANKE, 2017), decidimos reanalisar os dados de Vieira-Pinto (2015) e Vieira-Pinto e Coelho (2016), em sua pesquisa com entrevistas sociolinguísticas de Florianópolis, verificando três variáveis semânticas: animacidade, especificidade e gênero semântico do antecedente. Confirmando a hipótese de Creus e Menuzzi (2004), concluímos que o gênero semântico é o traço mais importante da retomada anafórica de objeto, no seguinte sentido: antecedentes com traço [+gênero semântico] favorecem o pronome pleno, enquanto antecedentes com [-gênero semântico] favorecem o objeto nulo.