Há 50 anos Portugal era um país de emigração que tinha alguns imigrantes. Após o anunciado fim da emigração constatamos que atravessámos vários ciclos de emigração e retorno, mas que nunca os fluxos de saída deixaram de ter consequências sociais e sociológicas. Afinal a emigração é mais estrutural do que pensáramos. Hoje é um país de migrações. Entre o retorno ou repatriamento de muitos nacionais portugueses e o acolhimento de centenas de milhares de estrangeiros a demografia nacional ganhou diversidade e complexidade. Sem a imigração seríamos menos, mais pobres e mais velhos. A dinâmica e diversidade das origens dos migrantes para Portugal, mas, também, a geografia múltipla dos destinos dos emigrantes portugueses representa um sinal de alteração do posicionamento do país no sistema migratório global. Numa tradicional lógica evolucionista, Portugal (ainda) não é um centro, mas (já) não é periferia (ou talvez o seja para alguns migrantes). Numa nova lógica de sistemas paralelos talvez as migrações portuguesas possam coexistir num país de emigração e de imigração. Sinal claro deste estatuto é, por exemplo, o facto da lei de nacionalidade ter evoluído, ao sabor de ideologias mais ou menos inclusivas e alargado o número de cidadãos que hoje fazem parte da comunidade nacional. Somos mais do que a soma dos que vivem em Portugal com os que dele partiram. Uma sociedade em movimento, aberta, plena de dinâmicas migratórias que permite antever um futuro cheio de desafios de integração e de gestão da diversidade. Uma sociedade dialogante com o mundo e em interação constante é, seguramente, uma sociedade em crescimento.